São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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114 milhões visitam shoppings todo mês

DA REPORTAGEM LOCAL

A cada mês, passam pelos shoppings centers de todo o país cerca de 114 milhões de pessoas. No espaço de 42 dias, passariam pelas suas portas um total de pessoas equivalente à população do Brasil.
Com tantos frequentadores, a indústria do shopping center -como ela se autodenomina- se sente tranquila para crer que o acidente de Osasco arranha, mas não chega a desacreditar a imagem positiva construída.
"São 30 anos de um trabalho perfeito, impecável", afirma Henrique Falzoni, da Associação Brasileira de Shoppings Centers.
O primeiro dos shoppings, o Iguatemi, foi aberto em 1966, quando a cidade não tinha tantos carros, nem tanta violência.
Oásis
"As crianças andavam seis quarteirões a pé para jogar bola no Ibirapuera. Hoje, são 4,5 milhões de carros, assaltos, pedintes, camelôs, e o único oásis de confiança são os shoppings."
Falzoni diz que tem "total liberdade para deixar um filho de 14 anos às 4h da tarde na porta de um shopping e apanhá-lo às 9h da noite". "É isso que fazem milhões de pais. É a confiança que o país adquiriu ao longo dos anos."
Os 114 shoppings em operação no país -outros 13 serão inaugurados até 1998- concentram um pequeno exército de segurança e bombeiros que se falam por rede interna de comunicação.
"Temos guardas protegendo a população até na rua. Aos sábados e vésperas de festas, há shoppings que recebem 100 mil pessoas. São dezenas de crianças que se perdem de seus pais, e todas são rapidamente encontradas."
Não quer dizer que a associação dos shoppings pretenda proteger os responsáveis pelo Osasco Plaza, ressalva Falzoni. "É óbvio que houve falha. Ela terá de ser apurada, e os responsáveis, julgados. Mas essa fatalidade poderia ter ocorrido num aeroporto, num hospital, e até numa escola."
Segundo Falzoni, o acidente de Osasco, "com 40 mortos e 400 feridos, não tem precedentes". "Não podemos permitir que isso se repita".
Para ele, os shoppings estão, com frequência, na mira das fiscalizações. "Nos últimos meses, em São Paulo, todos foram fiscalizados pelo Contru (órgão da prefeitura que fiscaliza imóveis)".
Segundo Falzoni, quando o cigarro foi proibido nos restaurantes, os shoppings foram o alvo preferido da fiscalização.

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