São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Desemprego faz homem virar doméstico

FLAVIO CASTELLOTTI
DA REDAÇÃO

Desalojados da indústria e da construção civil pelo desemprego crescente, homens estão, em número cada vez maior, trabalhando como empregados domésticos.
A proporção de homens nesse mercado ainda dominado por mulheres cresceu 11,3% entre 1993 e 1995 na Grande São Paulo, segundo pesquisa do Seade. E a tendência continuou a ser registrada neste primeiro semestre.
Em 1993, São Paulo tinha 480 mil empregados domésticos, dos quais 25,4 mil homens. No ano passado, foram computados 542 mil domésticos, e o número de homens pulou para 32 mil.
Para Sandra Brandão, economista do Seade, a demissão mais concentrada em setores em que a presença masculina é predominante explica a migração de homens para os serviços domésticos.
"Indústria e construção civil demitiram muito nos últimos meses e não voltaram a contratar", diz.
Ao mesmo tempo, constata Sandra, o aumento do trânsito e da violência estimularam a contratação de motoristas e seguranças, que também são domésticos.
Agora, arrumadeiros
Para Gildaci Dantas de Jesus, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de São Paulo, a maioria é oriunda da construção civil.
Nesse setor, o nível de ocupação caiu 11,2% em abril sobre março, diz o Seade/Dieese. No mesmo período, o nível de ocupação no setor doméstico cresceu 8,1%.
Gildaci conta que os homens já não desempenham somente funções externas. "Antes eram apenas jardineiros, caseiros e motoristas. Hoje, muitos são contratados como arrumadeiros, cozinheiros e faxineiros diaristas", diz ela.
Diferença salarial
Como em outros setores, também nos serviços domésticos os homens ganham, em média, mais do que as mulheres. Em funções iguais, ele ganha entre 20% e 35% mais, estima Gildaci.
Segundo Gildaci, há cada vez mais homens que vão ao sindicato atrás de informações e registros.

LEIA MAIS sobre trabalho doméstico na pág. 2-7

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