São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996 |
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Ieltsin consegue apoio ao explorar fantasma da URSS
JAIME SPITZCOVSKY
Os dirigentes das potências ocidentais não se esforçam para esconder sua preferência por Ieltsin. EUA, Japão e Alemanha temem uma Rússia incendiada pela retórica nacionalista do neocomunismo de Guennadi Ziuganov. O fantasma do nacionalismo no Kremlin levou dirigentes de ex-repúblicas soviéticas a manifestarem seu apoio a Ieltsin. Foi o caso, por exemplo, dos presidentes da Geórgia, Eduard Chevardnaze, um dos principais nomes do governo de Mikhail Gorbatchov, e do Uzbequistão, Islam Karimov. Eles temem que Ziuganov busque colocar essas repúblicas novamente sob o controle de Moscou. O candidato neocomunista defende a restauração da desaparecida URSS, mas por meio da "adesão voluntária" das repúblicas. A simples idéia de reviver o império soviético, mesmo que "voluntariamente", já assusta as repúblicas vizinhas à Rússia. Ieltsin, para aplacar as críticas dos neocomunistas, também passou a defender maior integração entre as ex-repúblicas soviéticas. Patrocinou, por exemplo, um acordo de aproximação política e econômica com a Belarus. Trator novo No plano interno, Ieltsin teve de se defender das acusações de promover uma política que "jogou a maioria da população na pobreza e criou diferenças sociais ao permitir o surgimento de uma elite econômica". Ieltsin saiu em campanha distribuindo promessas. A um convento, prometeu US$ 10 mil, para um centro de cultura muçulmana, foram US$ 20 mil. A biblioteca de uma escola técnica recebeu a promessa presidencial de US$ 2 milhões para construção de um novo prédio. Para professores e médicos da rede pública, foram prometidos aumentos salariais. Para um pequeno agricultor, Ieltsin prometeu um caminhão novo. A generosidade do presidente, no entanto, não foi capaz de explicar quais recursos do magro orçamento governamental seriam canalizados para cumprir promessas de campanha. Ieltsin também promoveu um bloqueio na televisão a seus rivais. O governo controla as principais emissoras de TV e os principais jornais apóiam o presidente russo, com medo de uma eventual censura que poderia ser imposta pelos neocomunistas. O ex-comunista Ieltsin também agitou a bandeira do anticomunismo. Previu "instabilidade e guerra civil" caso Ziuganov chegue ao poder. Texto Anterior: Dividida, Rússia escolhe novo presidente Próximo Texto: Novo mandato é vital para evitar retrocesso Índice |
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