São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Ceticismo; Rodízio de carros; Teórico socialista; Vistas grossas; Falta de divulgação; Senso crítico; Parcialidade

Ceticismo
"Com relação ao editorial de 14/6 'O Pamg', gostaria de manifestar as seguintes ponderações:
Talvez pelo fato de a Folha ter tomado conhecimento de apenas um capítulo do 'Manual do PFL' -ainda em fase de revisão e aprovação final- possa se justificar o ceticismo manifestado pelo citado editorial.
Entendo que o Partido da Frente Liberal está legitimamente credenciado para pregar o fim do discurso demagógico uma vez que, desde o início da gestão de seu atual presidente, dr. Jorge Bornhausen, em 1994, o partido, como um todo, não tem medido esforços no sentido de elaborar e praticar regras de conduta condizentes com a doutrina liberal que professa.
Quanto à minha pessoa, desejo esclarecer que não sou o 'autor' do manual, mas sim, ao redigi-lo, mero intérprete das diretrizes oficialmente adotadas pelo PFL, em sua última convenção nacional.
Quanto ao 'Pamg' -o discurso vazio e populista contra o qual nos insurgimos-, sinto-me autorizado a condená-lo, uma vez que, nas três eleições das quais participei e no transcorrer de toda a minha vida pública, jamais, literalmente, me vali de suas premissas, quais sejam: 'Prometer, acusar, mentir ou gritar'."
João Mellão Neto, deputado federal pelo PFL-SP (São Paulo, SP)

Rodízio de carros
"Vivo em São Paulo há 30 anos e tenho sentido 'no peito' os efeitos da poluição do ar, que pioram a cada ano.
Pela primeira vez uma proposta corajosa é feita pelo poder público: a Operação Rodízio.
É na condição de cidadão que gostaria de manifestar meu apoio a essa proposta do secretário Fabio Feldmann."
Sol Biderman (São Paulo, SP)

"A Prefeitura de São Paulo demorou a descobrir o problema da poluição e só implantou o metrô em São Paulo na década de 70.
Enquanto isso, a cidade foi se tornando rodoviária. A atual administração é exageradamente autoritária: fumo, cinto de segurança e, agora, o rodízio de automóveis.
Nós precisamos de medidas eficientes, e não provisórias e sem bom senso!"
Anderson Ferreira Diniz (Franco da Rocha, SP)

Teórico socialista
"Quero sugerir à Folha a criação também de um espaço para um teórico socialista, para que nós socialistas nos sintamos 'representados' por um pensador que difira da mesmice, tendo em vista que, se repararmos nos jornais de maior circulação, há sempre um representante do pensamento liberal conservador com uma coluna diária.
É importante nos depararmos com textos que questionem as razões das injustiças sociais, reforma agrária, impunidade etc., escritos por pessoas das estirpes de Antônio Cândido, Leandro Konder, Fábio Comparato, apenas para citar alguns. Convém ressaltar, sem nenhuma modéstia, que nós somos os maiores consumidores de jornais deste país."
Antonio Edmilson Cruz Carinhanha (São Paulo, SP)
lis, SC)

Vistas grossas
"A mídia paulistana foi invadida pela propaganda do pupilo do sr. Maluf com vistas à sucessão municipal.
Por muito menos que isso a ex-prefeita Erundina foi crucificada por esse mesmo Maluf sob a alegação de uso indevido de verbas públicas.
Por que a imprensa, naquela oportunidade, deu tanta ênfase ao suposto deslize da ex-prefeita e agora faz vistas grossas à forma malufista de fazer política?"
Douglas Roberto de Camargo (São Paulo, SP)

Falta de divulgação
"Com relação à universidade pública gratuita, não é verdade que a sociedade esteja financiando a carreira dos filhos da elite.
O que a sociedade está financiando é a pesquisa básica e aplicada, a reflexão crítica, as novas soluções em medicina, tecnologia, recursos humanos, ensino, bens intelectuais que são distribuídos para o restante da sociedade.
Talvez o que a universidade pública não tenha é um bom sistema de propaganda para alardear o que faz.
A universidade não se reduz a um grande colegial técnico; é, sim, o laboratório onde se criam novos conhecimentos."
Maria Elisa Marchini Sayeg (São Paulo, SP)

Senso crítico
"Concordo em gênero, número e grau com Josias de Souza em suas considerações a respeito da cidade de São Paulo.
O que acontece é que o brasileiro em geral perdeu o senso crítico."
Osvaldo Matheus Caleiro (São Paulo, SP)

"Em sua coluna de 8/6 o sr. Josias de Souza insiste na grosseria iniciada na semana anterior, quando, sem motivo aparente, ataca a cidade de São Paulo.
Em vez de se desculpar, mantém o nariz empinado e tenta contornar a situação apelando para a emoção do paulistano, atribuindo nosso comportamento, meu e de muitas outras pessoas que protestaram, ao 'amor pela cidade'.
O que eu e muitos outros queremos, sim, é uma retratação formal por parte desse senhor e do jornal.
Queremos, ou melhor, exigimos que o sr. Josias e a Folha peçam, de preferência de joelhos, perdão pelo que foi publicado."
Leonardo de Almeida Carneiro Enge (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Josias de Souza - Em meus comentários sobre São Paulo apenas tentei retratar algo que me parece óbvio: a qualidade de vida dos moradores da cidade sofre crescente deterioração. Trata-se de ponto de vista que encontra sólido respaldo na realidade. É descabida a "exigência" de retratação. Embora divergentes, minhas opiniões são tão respeitáveis quanto as do leitor. O que nos distancia, além das diferenças conceituais, é o tempero vernacular.

Parcialidade
"No dia 25 de maio aconteceu a 'Marcha para Jesus', na cidade de São Paulo, com a participação de mais ou menos 1,5 milhão de pessoas, e a Folha deu apenas uma manchete pequena sobre esse grande evento.
Eventos menores, por exemplo no dia 7/6, Corpus Christi, com apenas 10 mil pessoas, saíram em primeira página.
Observei outras reportagens também desse nível, como por exemplo a convenção do PDT, que não teve destaque, com o Rossi em alta.
Sou assinante deste jornal por ter fama de ser imparcial, mas vejo que não é tanto."
Paulo Roberto Montoni (São Paulo, SP)

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