São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Sigilo é frequente após o Real

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tanto o CMN (Conselho Monetário Nacional) como o Banco Central têm o poder de editar medidas que não chegam ao conhecimento público. Essa prática se tornou mais comum a partir da implantação do Plano Real, em julho de 1994, durante o governo Itamar Franco (1992-1994).
As medidas sigilosas são adotadas por meio de normativos chamados votos, que não são publicados pelo "Diário Oficial". Mesmo autoridades do governo podem ter acesso negado aos votos.
No mês passado, a Folha revelou que gastos de dinheiro público e operações não protegidas pelo sigilo bancário estavam sendo autorizados por votos do CMN e do BC.
Em março, por exemplo, o Conselho Monetário permitiu que a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) emprestasse R$ 525 milhões a seus associados fora dos limites máximos permitidos pela legislação.
O objetivo era financiar a compra de ações do Banco do Brasil, que estava lançando um programa de capitalização.
Com outro voto, o BC se autorizou a comprar títulos "podres" dos bancos Bradesco, Itaú e Unibanco. Até hoje não foi revelado quanto foi gasto na operação, mas estima-se que o valor tenha chegado a R$ 3 bilhões.
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu inquérito civil para apurar a extensão dos votos sigilosos do CMN. O procurador Wellington Saraiva quer definir, com o BC, os casos em que tal procedimento será admitido.
No Congresso, o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) entrou com projeto de lei restringindo a adoção de medidas confidenciais.
O que é o CMN
Criado em 1964, o CMN é o organismo responsável pela determinação e controle das políticas monetária, cambial e creditícia do país -tarefas consideradas prioritárias na aplicação do plano de estabilização, a partir de 1994.
Entre suas atribuições estão a aprovação de orçamentos monetários, o acompanhamento da política fiscal, a discussão sobre taxas de juros e a emissão controlada de papel-moeda.
Presidido pelo ministro da Fazenda, o CMN é composto ainda pelo ministro do Planejamento e pelo presidente do Banco Central.
Antes do Plano Real, o CMN contava com representantes de outros ministérios da área econômica e da iniciativa privada.

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