São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Planalto teme que conflito no campo afete eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A avaliação do comando político do governo é que as perspectivas na área econômica são positivas.
Esse quadro deve influenciar as eleições e favorecer os candidatos ligados ao Planalto.
Os tucanos temem apenas que um fator externo chamado MST reverta as expectativas otimistas. O acirramento dos conflitos no campo preocupa os tucanos.
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CRESCIMENTO - O governo não vai afrouxar no combate à inflação. FHC costuma dizer que seu governo vai eliminar os saltos que existem na economia brasileira.
Às vezes cresce muito, depois despenca. O presidente diz não querer isso, mas um crescimento contínuo. Como um avião que vai tomando velocidade, decola, sobe mais e depois encontra sua velocidade de cruzeiro.
FHC tem insistido na queda da taxa de juros dos títulos do governo. Diz que era de quase 4% ao mês em 95. E que hoje está em torno de 1,95%. Reconhece que a taxa ainda é altíssima, mas não acha que poderia ter caído muito além disso.
AJUSTE FISCAL - A situação das contas públicas não é a desejada, mas FHC e assessores repetem que 96 será muito melhor do que 95. E, apostam, 97 será ainda melhor.
Os ministros da área econômica já trabalham com a possibilidade de o governo não conseguir aprovar as reformas previdenciária, administrativa e tributária.
A saída será cortar ainda mais as despesas no próximo ano e acelerar a privatização. Os técnicos acreditam que reduzir gastos em 97, ano sem eleição, será mais fácil.
ADIB JATENE - Apesar de o ministro da Saúde ser alvo de críticas dentro do governo, FHC o defende de forma sincera.
Para ele, Jatene foi o único que lhe trouxe uma proposta concreta para resolver os problemas da saúde pública: a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Hoje, FHC concorda que a CPMF não é a melhor solução para a saúde. Mas quando lhe perguntam se não seria o caso de optar por uma das propostas que apareceram posteriormente no Congresso, diz: "Agora não dá".
BANESPA - O governo já detectou, há algum tempo, que o governador paulista Mário Covas está desistindo do acordo para salvar o Banespa. Até mesmo da parte que foi aprovada no Senado. Para FHC, porém, Covas terá de engolir alguma coisa.
ELEIÇÃO EM SÃO PAULO - FHC acredita que o senador José Serra (PSDB-SP) pode ganhar ainda no primeiro turno em São Paulo.
O Planalto acredita que somente um fator externo pode tirar a vitória de Serra, como aconteceu em 1988. Na época, os funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional estavam em greve. O Exército ocupou a empresa, entrando em atrito com os grevistas. Trabalhadores foram mortos no episódio, o que contribuiu para a virada de Luiza Erundina sobre Paulo Maluf.
O fator externo, agora, pode vir, na avaliação governista, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

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