São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Ex-general pode decidir o segundo turno

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

O ex-general pára-quedista Alexander Ivanovitch Lebed, 46, se transformou em surpresa do primeiro turno e fiel da balança para a disputa final.
Com 40% dos votos apurados, o general ocupava o terceiro lugar na apuração.
Seu sucesso se deve à imagem de "militar duro, capaz de restaurar a ordem" e à promoção de um nacionalismo moderado.
"Nasci ganhador, mas minha hora ainda não chegou", disse à TV russa NTV ao reconhecer que não chegaria ao segundo turno.
Cargo
Um dos chefes da campanha ieltsinista, Alexander Shokhin, sugeriu que, num eventual novo governo Ieltsin, Lebed pode ganhar a secretaria do Conselho de Segurança, cargo poderoso na cúpula russa, hoje ocupado por Oleg Lobov, muito próximo ao presidente.
Lebed não quis adiantar sua posição no segundo turno, mas Shokhin disse que hoje pode haver um encontro entre Ieltsin e o general.
Os adversários de Lebed o chamam de "Pinochet russo", numa referência ao ditador chileno. O candidato rejeita o rótulo, mas diz defender um "governo forte".
Novato na política, Lebed foi eleito deputado em dezembro. Herói da Guerra do Afeganistão, ajudou Ieltsin na resistência ao golpe de Estado comunista de 1991.
Entre 1992 e 1995, foi comandante do 14º Exército russo. As tropas de Lebed foram usadas para terminar a guerra civil que sacudiu a ex-república soviética da Moldova em 1992.
Lebed contou com ajuda de Ieltsin na campanha. O presidente calculou que a mensagem de firmeza e nacionalista do ex-general roubaria votos de Ziuganov. A campanha a presidente do ex-general usou o slogan "Uma guerra ele já terminou", sugerindo que ele teria condições de conseguir paz na Tchetchênia.
Numa provocação a Ieltsin, acusado de beber demais, Lebed anunciou em 1993 que nunca mais tomaria bebidas alcoólicas.
Sobre a possibilidade de fraude, ele reage com seu típico humor seco: "Que tipo de eleição é essa, se não há fraude? Haverá fraudes pequenas, em 3% ou 4% dos votos, pois o país ainda é uma democracia instável", disse.
(JS)

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