São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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Árabe tem média de R$ 5.700

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de leilões de cavalo puro-sangue árabe continua sentindo os efeitos do desaquecimento da economia.
No último dia 10, o Century, realizado no Moinho Santo Antônio, em São Paulo, obteve faturamento bruto de R$ 227,4 mil ao apresentar 40 animais para negócio.
A média, de R$ 5.700, nem de longe faz lembrar as altas cifras alcançadas em leilões de anos anteriores, quando o mercado cotava alto o puro-sangue árabe.
A explicação dada por diretores de empresas leiloeiras é que, em período recessivo, os criadores de árabe, em sua maioria empresários, preferem investir em suas empresas, deixando de lado aquilo que é considerado supérfluo por eles.
O Century, que teve à frente o criador e proprietário da Seven, João Ricardo das Neves, não é exceção num período de turbulência.
Há pouco mais de um mês, um dos mais premiados selecionadores da raça no país, Paulo Roberto Levy, do haras Capim Fino, obteve cotação média de R$ 7.000 na venda de seus cavalos.
Há três anos, os pregões de Levy tinham médias sempre próximas dos US$ 20 mil.
Segundo Levy, o cenário de recessão e juros altos persiste e mantém na retaguarda o mercado de cavalos de raça.
O consolo de quem vive dos negócios de compra e venda de equinos de elite é a boa liquidez.
"Os valores pagos pelos animais não são altos, mas o dinheiro vale mais hoje que em época de inflação, quando as cifras assustavam, mas eram irreais", analisa o diretor de uma empresa leiloeira.
Segundo ele, a procura por animais mantém ativo o mercado. "Algumas raças chegam a vender 150 cavalos em um só dia."
Quarto-de-milha
Uma coisa é certa: as raças que permitem o retorno mais rápido do dinheiro investido são as que menores dificuldades têm para encontrar compradores.
"Cavalos de corrida, por exemplo", afirma Léo Friedberg, cuja leiloeira, a Pró-Horse, faturou R$ 4 milhões em leilões nos últimos dois meses.
Segundo ele, criadores que arrematam potros velocistas ou animais já em treinamento assistem mais cedo ao retorno do dinheiro, pois os prêmios pagos nos páreos são compensadores.
Como exemplo disso, Friedberg cita o garanhão quarto-de-milha Holland Ease, cujos filhos este ano já ganharam US$ 312 mil em canchas norte-americanas.
O cavalo pertence ao criador paulista Wellington Queiroz, que promove hoje leilão de outros filhos de dois anos de Holland Ease, às 20h, no Bar Des Arts, em São Paulo.
No mesmo leilão, outros garanhões, como Signed To Fly, terão potros negociados.

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