São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Projeto original teria evitado explosão

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto original das tubulações de gás do Osasco Plaza Shopping foi todo alterado. O IC (Instituto de Criminalística) de Osasco informou que o gás não teria se acumulado no subsolo e explodido se esse projeto original tivesse sido mantido.
A informação é do diretor do IC de Osasco, Ronaldo Egídio dos Santos. "Houve falha técnica", afirmou. Devido à explosão do shopping (na Grande São Paulo), no dia 11 passado, 42 pessoas morreram e 472 ficaram feridas.
A administração do shopping afirma não ser responsável pela engenharia da obra. A construtora diz desconhecer o projeto original e a prefeitura de Osasco diz que fiscalizar a alteração não era sua responsabilidade (leia textos abaixo).
Nas plantas originais, a tubulação de gás passava no contrapiso (argamassa posta sobre a laje para nivelar o piso), logo abaixo das lajotas usadas no acabamento.
Com a alteração, a tubulação foi feita no vão do subsolo (um espaço fechado de altura média de 60 centímetros entre a laje e o solo).
O GLP (gás de cozinha) vazou da tubulação e se acumulou no vão, formando, segundo o perito, uma espécie de bomba, que explodiu com uma faísca.
"Se o projeto original fosse mantido, e houvesse um vazamento, o GLP sairia pelo piso, pois o concreto da laje impediria que ele fluísse para o vão do subsolo", disse o diretor do IC de Osasco.
A manutenção da tubulação também seria mais fácil, segundo a perícia, no projeto original. Em caso de vazamento, bastaria quebrar as lajotas para localizá-lo.
Os peritos do IC ainda não sabem por que o projeto original foi alterado. As plantas originais foram encontradas na empresas responsáveis pela obra e no shopping.
"As modificações não são irregulares ou clandestinas, mas o projeto original impediria o acúmulo de gás no subsolo", afirmou o perito criminal Osvaldo Negrini Neto, do IC de São Paulo.
Indenização
Os juízes do trabalho José Lúcio Munhoz, Orlando Apuene Bertão e Roberto Barros da Silva entraram ontem, no Fórum de Osasco, com uma ação de indenização por danos morais contra o shopping.
Os três almoçavam na praça de alimentação no momento da explosão, mas não se feriram.
Os juízes pedem, juntos, R$ 15 mil de indenização. "O valor é simbólico. Caso o pedido seja julgado procedente, o dinheiro será doado a instituições de caridade", afirmou Erval de Oliveira Júnior, advogado dos juízes. Segundo ele, a intenção da ação é incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo.
O Ministério Público começa hoje a cadastrar as vítimas da explosão do shopping. Os familiares dos mortos e os feridos devem ir ao Fórum de Osasco com documentos e com o exame de corpo de delito.
O cadastro servirá para o pedido de indenização.

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