São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Maluf promete 9 prédios em Heliópolis

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Nove prédios do projeto Cingapura serão construídos na quadra H da favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, onde na última segunda-feira quatro pessoas morreram em um incêndio.
Durante a construção dos três primeiros, cerca de 140 famílias (1/3 dos moradores) serão transferidas para tendas da prefeitura, armadas em três terrenos da Cohab, no Ipiranga (zona sul).
Segundo a Cohab, os terrenos ficam a menos de 500 metros da favela. Não foi divulgada a localização exata por receio de invasões.
Os moradores ficarão nas barracas até que abrigos provisórios sejam construídos nos mesmos locais. Ou seja, de 60 a 90 dias, se o Tribunal de Contas do Município (TCM) decidir que a construção dos abrigos é emergencial e dispensar a realização de licitação.
Segundo a Cohab, a construção dos prédios dispensa licitação. "Desde 1987 está assinado contrato com empreiteiras", disse o secretário da Habitação em exercício, Antonio Lajarin.
Reunião
O projeto foi anunciado ontem, depois de uma reunião entre Lajarin, o presidente da Cohab, Marcos Helou, e representantes dos moradores. A proposta depende de uma assembléia de moradores, que será realizada hoje às 10h.
Na sexta-feira, às 10h, haverá uma nova reunião, na Igreja de Santa Edwiges, próximo à favela. No mesmo dia, assistentes sociais vão cadastrar os moradores.
A construção dos nove prédios custará cerca de R$ 7 milhões.
A transferência dos moradores deve acontecer dentro de 15 dias, depois da celebração de um acordo judicial entre a prefeitura e a União dos Núcleos, Associações e Sociedades de Heliópolis (UNAS). Quem não quiser ir para as tendas podem optar por um abrigo em Santa Etelvina, na zona Leste.
Dois dos prédios semiconstruídos da Cohab que estão invadidos serão aproveitados. O terceiro edifício, o que pegou fogo, passará por uma avaliação técnica.
Se ficar constatado que a estrutura não foi afetada, o prédio também será aproveitado. Do contrário, dará lugar a um novo prédio.
O presidente do Unas, João Miranda, disse que a população concordará em ficar, temporariamente, nas tendas, sabendo que terá uma moradia definitiva.
"Lamento apenas que eles tenham esperado quatro pessoas morrerem para decidir", disse. "Ao invés de priorizar os moradores das áreas de risco, eles estavam dando os cingapuras para quem precisava mudar por causa de obras viárias."

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