São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Brasileiros 'naufragam' no ranking

Olímpicos não repetem tempos

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os nadadores brasileiros tiveram resultados preocupantes no primeiro semestre de 1996, que põem em dúvida suas chances nos Jogos de Atlanta.
Individualmente, o membro da equipe olímpica mais bem colocado é Luiz Lima, que está em 26º lugar no ranking dos 1.500 m livre.
Candidatos a medalha nos 100 m livre, Gustavo Borges e Fernando Scherer não passam do 28º e do 31º lugares, respectivamente. Scherer é o 35º nos 50 m livre.
Pode-se alegar que os brasileiros estão se poupando para as provas olímpicas -de 20 a 26 de julho.
Mas o russo Alexander Popov, grande favorito nos 100 m, que também teria motivos para se poupar, já marcou 48s88 neste ano, enquanto Borges e Scherer fizeram 50s61 e 50s65.
Os resultados desta temporada também revelam a emergência de nomes até então pouco conhecidos, que podem surpreender.
É o caso do australiano Michael Klim, 19, dono do melhor tempo do ano nos 200 m livre: 1min48s26.
Nem todos os líderes do ranking vão competir em Atlanta.
É o caso dos 100 m livre, por exemplo, em que estão classificados apenas dois norte-americanos: Jon Olsen e Gary Hall. Outros nove nadadores dos EUA, com tempos melhores que os de Borges e Scherer em 96, estão fora da Olimpíada.
Os tempos dos três primeiros colocados -pela ordem, Popov, Olsen e Hall- superam em mais de um segundo os dos brasileiros.
As perspectivas melhoram um pouco nos revezamentos. No 4 x 100 m livre, o Brasil ocupa o sexto lugar, com os 3min25s95 marcados em março no Sul-Americano.
O tempo é apenas 1s24 inferior ao melhor conseguido pela equipe norte-americana.
Uma ressalva: se fossem computados os seus melhores tempos de suas carreiras, Scherer e Borges estariam em melhor posição.
O recorde sul-americano de 22s36, estabelecido por Scherer no final de 1995, por exemplo, lhe daria o segundo lugar no ranking mundial deste ano.
Para o técnico Alberto Klar, da equipe olímpica, a posição no ranking é explicada pelo calendário pré-olímpico, já que os EUA, Alemanha e Rússia fizeram suas seletivas nesse começo de ano.
"Esses países têm uma grande quantidade de atletas que disputaram vaga. Por outro lado, o Brasil, como tem poucos nadadores de ponta, os nadadores com índice dificilmente seriam superados."
Segundo ele, os nadadores não foram melhor porque as verdadeiras marcas brasileiras serão feitas em Atlanta. "Lá, eles vão estar descansados, com os pêlos raspados e a preparação finalizada."
Para outro técnico, Carlos Camargo, os brasileiros entram com vantagem em Atlanta porque não viveram o clima de tensão que cercou as seletivas dos outros países.

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