São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Clubes têm nova crise de patrocínio

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os times brasileiros passam por uma crise de patrocínio. E as empresas multinacionais relutam em apoiar o futebol no país.
No Rio, Fluminense e Vasco da Gama estão jogando o Campeonato Estadual sem patrocinadores.
O São Paulo está tendo dificuldades em obter novo patrocínio. O clube, que estaria negociando com a Nestlé, acabou acertando o adiamento até agosto da saída da TAM.
Apesar do sucesso da parceria entre o Palmeiras e a italiana Parmalat, apenas 3 dos 13 grandes clubes do país têm apoio de empresas estrangeiras (veja quadro ao lado).
Multinacionais que financiam clubes na Europa já cogitaram entrar nesse mercado no Brasil. Mas temem problemas relacionados ao futebol no país.
Os principais são: o amadorismo dos dirigentes de clubes e a desorganização dos campeonatos.
"Os clubes não apresentam projetos com custos compatíveis com os benefícios", afirmou à Folha Paulo Machline, da Sharp. Segundo ele, os dirigentes apelam para o lado torcedor do empresário, que deveria assim ajudar o clube.
Um bom patrocínio hoje gira em torno de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano.
"Mas o momento não é bom para negociar", afirmou Milton Bonanno, gerente geral de Publicidade e Marketing da Philips.
Segundo ele, "os clubes têm propostas mirabolantes, acham que as empresas têm verbas reservadas para eles. Com o Plano Real, as contas das empresas estão mais apertadas e as verbas de marketing diminuíram, estão mais seletivas."
Além da incerteza de retorno em relação ao alto investimento, algumas empresas temem a rejeição por parte de torcedores rivais.
A GM, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que as pesquisas feitas indicam que não é conveniente associar a imagem da empresa a um clube em particular. É preferível patrocinar eventos, onde não há rejeição.
A Philips também prefere apoiar eventos, mas a preocupação com rejeição é menos importante.
"Há uma inconstância no futebol que não favorece o patrocínio aos clubes", disse Bonanno.
Para ele, as deficiências de organização e a violência nos estádios no Brasil se tornam fatores de risco para o investimento.
Machline afirmou que, numa negociação entre a Sharp e um clube, o dirigente "pediu uma 'coisinha' para fechar o acordo." Ele não quis identificar o clube nem o dirigente.
"Há ainda uma bagunça no calendário e nas tabelas dos campeonatos. Nada é tratado profissionalmente, com dia e horário certo", disse Bonanno.
A Sony, que patrocina a Juventus, atual campeã da Europa, não quis falar sobre apoio a clubes brasileiros.

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