São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Ieltsin cancela viagem e obtém apoios

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente russo, Boris Ieltsin, cancelou ontem a viagem que faria na próxima semana à França, para participar de encontro do G-7, que reúne os países mais industrializados do planeta.
Ieltsin permanece na Rússia para acelerar sua campanha para o segundo turno da eleição presidencial, quando enfrenta o neocomunista Guennadi Ziuganov.
O presidente conseguiu ontem apoio indireto de dois candidatos derrotados no primeiro turno. O liberal Grigori Iavlinski, que teve 7,5% dos votos, e o neofascista Vladimir Jirinovski, 6%, pediram a seus eleitores que não votem no candidato neocomunista.
Ieltsin discutiu com o presidente norte-americano, Bill Clinton, a decisão de não ir a Lyon, França, na reunião do Grupo dos Sete. A Rússia será representada pelo premiê Viktor Tchernomirdin.
Na política interna, Ieltsin não conseguiu apoio explícito de Iavlinski e Jirinovski. Iavlinski quer preservar sua imagem de oposição ao presidente, a quem fez duras críticas durante a campanha.
Jirinovski mostra cautela na hora de apoiar Ieltsin, pois tenta trocar sua influência por um cargo. Famoso por suas frases bombásticas, já declarou que gostaria de ser "ministro da propaganda".
O general da reserva Alexander Lebed, terceiro lugar no primeiro turno com 15% e mais importante apoio conquistado por Ieltsin, foi nomeado anteontem secretário do Conselho de Segurança. Ele encontrou-se ontem com Ziuganov e disse ter tratado de "segurança".
O cirurgião oftalmologista Sviatoslav Fiodorov, que teve 0,93% dos votos no primeiro turno, anunciou seu apoio a Ieltsin. Disse que o presidente apresenta a plataforma "mais progressista".
Dono de 35% dos votos no primeiro turno, Ieltsin quer caracterizar a campanha como uma "cruzada nacional" para impedir a vitória dos neocomunistas.
O neocomunista Ziuganov, que teve 32% dos votos, acusa Ieltsin de submeter a Rússia aos interesses do Ocidente e de empobrecer a maioria da população com as diferenças sociais do capitalismo.
Tchetchênia Os separatistas da Tchetchênia indicaram ontem que pode haver mais chance de solução para o conflito com Lebed no Conselho de Segurança russo. O general afirmou ontem à TV russa que irá em breve à Tchetchênia. Ele disse que o fim do conflito é uma prioridade.
Sete soldados russos morreram e quatro ficaram feridos em ataque contra um blindado anteontem na Inguchétia, em uma região perto da fronteira tchetchena.

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