São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Transporte: os ônibus caça-voto

BRUNO FÉDER

A vereadora Teresa Lajolo, secretária dos Transportes no início da gestão passada, ocupa este espaço da Folha (13/6) para reproduzir as mentiras que a ex-prefeita e candidata do PT, Luiza Erundina, tem divulgado sobre a tarifa de ônibus na cidade de São Paulo.
Para refrescar a memória da vereadora, convém lembrar que, quando foi prefeita de São Paulo, Luiza Erundina lançou, a três meses das eleições de 92, o "ônibus caça-voto", conforme a imprensa da época: transportava de graça 600 mil passageiros por dia em quatro linhas da periferia. Com isso, a prefeitura deixava de arrecadar 7,5% do custo do sistema, mas para a então prefeita isso pouco importava: "Se favorecer eleitoralmente o candidato do PT, ótimo", chegou a declarar à "Folha da Tarde" (21/07/92).
Agora, como não pode fazer demagogia eleitoral às custas dos cofres públicos, recorre à mentira. Ao contrário do que afirma Teresa Lajolo em seu artigo, a atual tarifa de ônibus de São Paulo é, sim, a mais barata das capitais, considerando que aqui existem linhas com até 43 km de extensão, os motoristas e cobradores cumprem jornadas de trabalho 10% menor e ganham salários 20% superiores, em média, à de outras cidades.
A mentira e a demagogia eleitoral tornam-se evidentes quando se sabe que em Diadema e Santos, cidades administradas pelo PT, as tarifas são, respectivamente, de R$ 0,85 e R$ 0,80, no primeiro caso superior e no segundo igual à de São Paulo, para percursos infinitamente menores.
Apesar das mentiras do PT, a população sabe reconhecer a verdade. A imagem atual do serviço de ônibus, segundo pesquisa da ANTP/Gallup, é melhor na gestão de Maluf, com índice médio superior ao verificado nas gestões de Jânio Quadros e Luiza Erundina. De janeiro de 89 a junho de 92, para um reajuste no salário mínimo de 323.027% e inflação de 846.434%, o governo "democrático popular" do PT havia aumentado a tarifa em 999.900%. O passe para o desempregado, instituído demagogicamente na gestão passada, sem regulamentação, foi sustado por determinação do TCM, que, aliás, rejeitou por três exercícios as contas da ex-prefeita.
Teresa Lajolo tem o cinismo de afirmar que Paulo Maluf encontrou a "casa arrumada" pela "municipalização" dos transportes. A casa que, sem dúvida, estava mais do que arrumada era a dos proprietários das empresas de ônibus, que ganhavam rios de dinheiro por quilômetro rodado, com os ônibus vazios, enquanto a corrupta e ineficiente CMTC tragava R$ 1 milhão por dia em subsídios.

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