São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Envolvimento de polícia será investigado

Ministério Público pede inquérito

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público pediu abertura de inquérito civil para apurar o suposto envolvimento de membros das polícias Civil, Militar e até de um ex-governador com a cúpula paulista do jogo do bicho.
O pedido foi feito por Márcio Pires de Mesquita, 32, da 6ª Promotoria. Ele disse que o inquérito está sob sigilo.
As investigações, baseadas em uma fita de vídeo e uma fita cassete, foram feitas pelo promotor Camilo Pileggi.
As pistas teriam apontado para o suposto envolvimento de pelo menos dez coronéis da PM, três delegados, um ex-corregedor e um procurador de Justiça com o jogo do bicho.
A fita de vídeo mostraria cenas de almoços em uma churrascaria de São Paulo, patrocinados pelo empresário e vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, Hugo Carletti, para policiais.
Carletti, segundo a denúncia, promoveria tais jantares para "aproximar a cúpula da polícia da do jogo do bicho".
Na fita de áudio, teriam sido gravados telefonemas -com autorização judicial- entre Carletti e supostos "homens de confiança" do bicheiro Ivo Noal, atualmente preso.
'Provas tênues'
"As provas são extremamente tênues", disse ontem o promotor Pires de Mesquita.
Ele enviou as fitas para perícia. Não há prazo previsto para a divulgação do laudo pericial.
A assessoria das polícias Civil e Militar informaram que inquéritos internos contra os supostos envolvidos só poderão ser abertos -ou não- depois que as fitas forem analisadas.
Outro lado
Hugo Carletti, dono da empresa HVA Promoções, afirmou em nota enviada à Folha que os almoços patrocinados por ele ocorrem todas as semanas há 12 anos.
"Jamais vi tamanho absurdo e tamanha injustiça", declarou Carletti sobre as denúncias.
Carletti criticou a promotoria, que divulgou informações "sem qualquer prova".
"Estou tomando as providências jurídicas cabíveis", disse.

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