São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Óculos escuros são disfarces

SUZANA CAMARÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pois é, garota, a onda cibernética, modelada com matérias-primas pra lá de hi-tech, gélidas e fosforescentes, graças a Deus, acaba de voltar para o espaço.
Pelo menos no quesito óculos escuros, o fenômeno da repulsa ao estilo galáctico é claríssimo.
Bacana agora é proteger os olhos da claridade com lentes opacas e neutras, um par de aros bem grandes e hastes bem largas, de preferência feitos de um material sintético idêntico ao da tartaruga.
Lembra daqueles baitas óculos escuros usados por Jackeline Kennedy Onassis? E dos negros de Aristóteles, seu ex-marido bilionário, grego e armador?
A proposta desse modismo é não só imitar os modelos que eles usavam, como também se imbuir da mesma razão pela qual eles emolduravam exageradamente seus rostos: medo de serem reconhecidos por paparazzi e reles mortais.
Você está a fim de abafar neste inverno?
Então finja que é famosíssima, que tem horror de ser descoberta atrás das lentes e compre -impregnada desse espírito- seu novo par. Como se estivesse adquirindo um disfarce.

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