São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Festa de São João faz um terço do Brasil parar

MARILENE FELINTO
ENVIADA ESPECIAL A FLORESTA, PE

É feriado amanhã em pelo menos um terço do Brasil. As comemorações do dia de São João mobilizam as capitais do Nordeste e o sertão.
As demais regiões do país, desavisadas, estranharão que, em plena segunda-feira, estejam mudos os telefones nos serviços públicos e no comércio dessa parte do Brasil.
A Folha foi ao sertão de Pernambuco, à cidade de Floresta, a 439 km de Recife, acompanhar uma festa de São João sertaneja.
Diferentemente do que ocorre nas capitais do Sudeste, por exemplo, onde as festas juninas se restringem aos pátios das paróquias e das escolas, o São João sertanejo toma conta das ruas de terra e mantém parte de sua original característica de culto agrícola.
Em Floresta, os devotos de São João acendem fogueiras diante de suas residências com a mesma dedicação de quem monta uma árvore de Natal. No fim, atravessam o braseiro vivo com os pés descalços, seguindo a antiga tradição de que as brasas, espalhadas pelos campos, produziriam boas colheitas.
Mas nem São João nem o sertão escapam das vogas da modernidade. As quadrilhas florestanas, divididas por bairros, exibem nomes de novelas da TV, como 'Èxplode Coração", enquanto dançam ao som do sanfoneiro da cidade.
Nesta época do ano, o subpaís nordestino -para usar recente classificação da Organização da Nações Unidas (ONU) dos três brasis brasileiros- toca a todo vapor sua cultura regional.
Que cultura é essa? A que sobrevive feito brasa viva na memória da gente pobre das quadrilhas. A que mistura à sua maneira esdrúxula arcaismos com sintetizadores.

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