São Paulo, domingo, 23 de junho de 1996
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Pró-memória

JUCA KFOURI

Em toda transferência de atletas há uma taxa de 1% que deve ser depositada na CBF -que se obriga a repassá-la para o Indesp e é destinada às Agaps, órgãos de assistência dos jogadores de futebol.
Em regra, não acontece nem uma coisa nem outra.
A venda de Giovanni pelo Santos, clube de óbvias ligações com o ministro Pelé, é uma ótima oportunidade para verificar quem burla a lei, se os clubes ou a CBF.
Bastará que o Santos deposite direitinho o que deve e que o ministério fiscalize se o dinheiro chegou ao seu destino.
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Tomado de inexplicável complexo de perseguição, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, desabafou enquanto premiava os campeões da Copa do Brasil no gramado do Parque Antarctica.
"O torneio é um sucesso. Mas, quando o criei, em 1989, diziam que era um caça-níqueis."
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Na verdade, foi Zico quem disse, o que lhe valeu um processo movido por Teixeira.
Ao reiterar que considero, desde sempre, a Copa do Brasil a única ação criativa da gestão Teixeira, é inegável que falta muito ainda para melhorá-la.
A começar pelo estabelecimento de critérios que definam seus participantes.
Convites, como os feitos neste ano, só dão margem a desconfiança.
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A cerimônia de premiação também foi qualquer coisa. Cercado de microfones e telefones celulares, o presidente da CBF se perdeu.
Ao entregar a medalha a um dos campeões (impossível ver para quem era), Teixeira percebeu que faltava a fita e não se apertou. "Depois você arranja uma", escapou. Soleníssimo.
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Que ao menos sirva para que faça o que prometeu: no Campeonato Brasileiro só entrará em campo quem faz o espetáculo.
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Se a torcida do Cruzeiro foi exemplar no jogo de ida, no Mineirão, a do Palmeiras teve um gesto de tirar o chapéu no Parque Antarctica, ao aplaudir os campeões.
Pena que antes tenha atirado copos no banco do Cruzeiro e, depois, agredido jornalistas na saída do estádio. E não eram os organizados.
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Quando não é o Grêmio, é o Cruzeiro. Verde e azul não combinam mesmo.

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