São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PC Farias era "patriota", afirma frei

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O empresário Paulo César Farias, o PC, 50, pivô do Collorgate, foi sepultado ontem, às 15h15, em Maceió como um "patriota que muito serviu ao país".
Com esta definição, o frei Adalberto da Soledade Silva fez a saudação de despedida. Comoveu familiares e cerca de mil pessoas que compareceram ao cemitério Parque das Flores.
Além de defini-lo como um brasileiro ilustre", o frei, durante a sua oração, pediu perdão a Deus para as pessoas que fizeram acusações a PC desde o início da CPI que provocou o impeachment do ex-presidente Collor, em 1992.
"Foram acusações muito gratuitas", disse o frei, que lembrou também a passagem de PC Farias como seminarista em Maceió.
A família destacava, durante todo o dia de ontem, a série de episódios protagonizados pelo ex-tesoureiro de campanha.
"Pagou sozinho pela confusão toda", dizia Augusto Farias, irmão e deputado federal pelo PPB-AL.
"Quando estava tomando um fôlego, respirando um pouco aliviado, aconteceu essa tragédia."
Bandeira
Os filhos, Paulo, 14, e Ingrid, 16, eram os mais desesperados. Mas todos os velhos auxiliares, como o comandante Jorge Bandeira, choravam muito.
Amigos da chamada "República das Alagoas", como ficou conhecida a turma aliada de Collor, também foram ao sepultamento.
Estavam presentes o ex-governador de Alagoas Geraldo Bulhões e sua ex-mulher, Denilma, além de prefeitos do interior, conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e empresários.
Bulhões, conforme registrava um membro da família Farias, era o único ex-governador que recebeu dinheiro de PC a comparecer à "cerimônia de adeus".
O ex-governador alagoano, conforme revelou o ex-tesoureiro, fez parte de uma lista de políticos ajudados pelo esquema eleitoral de Collor em 1990.
Flores
Os usineiros e empresários alagoanos também foram se despedir de PC, além de enviar coroas de flores para a família.
Juntavam-se à chamada elite do Estado centenas de pessoas pobres, muitos descalços, curiosas para ver o corpo do ex-tesoureiro da campanha de Collor.
Desde a noite de anteontem, quando foi iniciado o velório na empresa Tratoral (pertencente à família Farias), as pessoas se aglomeravam diante do caixão.
Para Augusto Farias, a "elite nacional" manteve distância da família. "Esses empresários que viviam atrás do Paulo nem sequer mandaram os seus representantes", disse.
Na hora do sepultamento, houve um pequeno tumulto entre irmãos de PC e fotógrafos e cinegrafistas que se posicionavam entre os familiares.

Texto Anterior: Balística deve sair hoje
Próximo Texto: Contrastes marcam velórios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.