São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Deputados não vêem crime passional

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A versão de crime passional para a morte do empresário PC Farias não convenceu os deputados.
Um deputado, que pediu para não ser identificado, disse que, daqui a pouco, vão pedir que ele acredite em Papai Noel e coelhinho da Páscoa.
Entre os argumentos contra a essa versão, os deputados afirmavam que a namorada de PC, Suzana Marcolino da Silva, não tinha motivo para matar o empresário.
As pistas da polícia de Alagoas para a versão foram consideradas fracas. Segundo os comentários, os indícios podem ter sido montados para incriminar a namorada.
Outro deputado disse que o crime é coisa de profissional e que a namorada de PC entrou acidentalmente na história.
Execução
O deputado Lindberg Farias (PC do B-RJ) afirmou no plenário da Câmara que PC foi executado.
Ele enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública de Alagoas e ao Ministério Público do Estado pedindo que o ex-presidente Fernando Collor seja ouvido.
Lindberg Farias afirmou que Collor poderá ajudar nas investigações porque, como conhecedor dos envolvimentos de PC, poderá detectar onde estão os conflitos que podem ter motivado a morte do empresário.
"PC foi executado e querem sepultar parte da história do Brasil com ele", disse Lindberg.
"Sem inimigos"
O senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) afirmou ontem, em discurso no Senado, que o empresário Paulo César Farias "era um homem querido da sociedade alagoana, bem-relacionado, que deixa vários amigos consternados com esse bárbaro assassinato".
Único senador alagoano que compareceu à sessão de ontem, Palmeira fez questão de homenagear PC Farias.
"Todos nós, em Alagoas, lamentamos, porque sabemos que Paulo César era um homem polêmico, mas era também um homem de fácil trato, que não tinha um inimigo em Alagoas".
O senador disse ter-se encontrado com o empresário havia 20 dias e o achou "tranquilo". A única preocupação manifestada por PC, naquele encontro, teria sido com a candidatura do irmão, Augusto (PPB-AL), à Prefeitura de Maceió.
Aos jornalistas que perguntaram sobre a possibilidade de envolvimento do ex-presidente Fernando Collor de Mello com o assassinato de PC, Palmeira negou. "Não vejo relação dos Collor de Mello com esse crime", disse.
Segundo Palmeira, as acusações de corrupção que pesavam sobre PC "o tornaram conhecido nacionalmente, mas não afetou o bem-querer que muitas pessoas mantinham por ele em Alagoas".

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