São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Mulheres fazem da Mooca cenário de peça e filme

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tata Amaral e Lígia Cortez nasceram no mesmo mês e ano, mas não têm só isso em comum. Ambas estréiam em setembro na direção com um mesmo texto, "Um Céu de Estrelas", de Fernando Bonassi. Tata faz seu primeiro longa, e Lígia dirige sua primeira peça.
Tata tinha projeto de adaptar o texto "Um Céu de Estrelas" para o cinema há pelo menos três anos.
Garimpou patrocínio durante dois anos para fazer o filme, enquanto o roteiro foi finalizado a oito mãos.
Ela terminou as filmagens no ano passado e agora está em fase de montagem.
Lígia foi agregada ao projeto de Tata na preparação dos atores, e a história a conquistou. "Pensava que aquele texto dava uma peça. Reuni uma equipe e iniciei o projeto para teatro."
O filme participará do Festival de Cinema de Toronto em setembro e, em seguida, entra em cartaz no Brasil.
A peça foi escolhida para integrar a Jornada Sesc de Teatro, onde fará duas apresentações em julho, para, na sequência, também entrar em cartaz a partir de setembro em São Paulo.
Sequestro
"Um Céu de Estrelas" é definido pela dupla como uma história urbana de um casal típico do bairro paulistano da Mooca, onde reside o autor do romance, Fernando Bonassi
O enredo traz a história de um rapaz, Vítor, que resolve sequestrar sua ex-namorada, a cabeleireira Dalva, na tentativa de reconquistá-la (leia texto nesta página).
"Mas a enorme dificuldade de comunicação entre eles afasta-os cada vez mais", afirma Lígia.
Pesquisas de campo
As duas diretoras saíram a campo na pesquisa para entender melhor a rotina e o comportamento de pessoas com vidas parecidas às de Dalva e Vítor, protagonistas de "Um Céu de Estrelas".
Entrevistaram metalúrgicos da Mooca, frequentaram salões de cabeleireiras e assistiram muitos dos telejornais que dissecam os sequestros.
Tiveram até mesmo consultoria da polícia. "Existe uma diferença entre o sequestrador louco passional e o bandido. Com o bandido, a polícia tenta convencê-lo a soltar o sequestrado indicando em que leis ele pode se apoiar. Já o passional -como é o Vítor- é imprevisível", explica Lígia.
A maneira como contam a história, segundo elas, exige um realismo. "Temos que contá-la de forma crível, às vezes crua", afirmam.

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