São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996
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Operação Guincho também é suspensa

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo está deixando de arrecadar cerca de R$ 3.800 por dia com a suspensão temporária da Operação Guincho, coordenada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
O acórdão do Tribunal de Justiça (TJ), publicado ontem no Diário Oficial, que impede os 1.400 fiscais de trânsito da prefeitura (marronzinhos e agentes de zona azul) de multar também obriga o governo municipal a paralisar a ação dos guinchos, já que o recolhimento do veículo é seguido de multa.
O documento considera ilegal o convênio firmado em 1991 entre a prefeitura e o Estado para a fiscalização do trânsito.
Agora, apenas os operadores do CPTran (cerca de 2.500) podem efetuar as autuações na cidade.
A decisão do TJ paralisou desde ontem a Operação Guincho, que já recolheu 4.765 veículos que estavam estacionados em locais proibidos da cidade desde o dia 7 de junho de 95 -início da operação.
A CET operava com 20 guinchos especiais alugados da empresa Transbraçal. O veículo infrator era levado a um pátio da prefeitura, onde o proprietário o retirava ao pagar a multa de R$ 49,72. A taxa de remoção era de R$ 256,72.
A Operação Guincho atuava nos corredores de tráfego mais movimentados de São Paulo -nos Jardins, na região da avenida Paulista e no centro da cidade.
Na prática, a decisão do TJ acaba com uma arrecadação de R$ 10 milhões por mês -a soma das 130 mil multas aplicadas por todos os agentes de trânsito municipais.
A prefeitura alugou os 20 guinchos por R$ 3 milhões, por um período de 18 meses.
A assessoria de imprensa da CET não sabia informar qual seria o uso dos veículos, enquanto durar a suspensão da operação. A Transbraçal não deu resposta às ligações da reportagem.
Trânsito
Segundo o comandante interino do CPTran, José Carlos Bononi, 47, o trânsito na cidade esteve normal, no primeiro dia em que a proibição do TJ vigorou.
"Só vamos sentir alguma diferença em agosto, depois das férias escolares", avalia Bononi.
O pico de 150,8 km de congestionamento, registrado às 19 horas de ontem, foi causado pela chuva e pelo excesso de veículos, segundo a CET.
A secretária municipal de Negócios Jurídicos, Mônica Caggiano, 48, ainda não decidiu qual será o procedimento da prefeitura para recorrer da decisão do TJ.
"Nosso código processual é muito rico e nos oferece um amplo leque de possibilidades", diz.
Caggiano ressalta, no entanto, que "a última palavra será do Supremo Tribunal Federal", já que a ação trata de uma questão de constitucionalidade.

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