São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Ab'Saber não crê nas empresas

DA REDAÇÃO

Para o ex-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), o geógrafo Aziz Ab'Saber, 72, "não há pagamento possível que possa cobrir o papel da universidade no Brasil, um país em processo de desenvolvimento, com imensas desigualdades regionais e com malhas de desenvolvimento autônomo."
"Eu não acredito na empresa nacional em termos de ela colocar coisas na universidade."
"Ainda há dois dias eu assisti um depoimento de um empresário que milita em São Paulo, veio do Uruguai, e ele falou de toda a sua vida, das vantagens que obteve em vários períodos -alguns desses períodos eram da ditadura-, mas, quando se começou a tratar de problemas sociais na reunião, ele se retirou."
"Não há interesse real nisso e, na crise econômica, aqueles que poderiam ofertar mais têm problemas sérios. As empresas estão fechando, algumas sendo transformadas em seções de multinacionais. Os tailandeses estão comprando áreas imensas na Amazônia por causa dos recursos madeireiros e há uma omissão real."
"Eu não concordo com o texto da Folha (anúncio publicado na quarta-feira por entidades de professores, funcionários e alunos das universidades) que diz que os reitores têm sido omissos na defesa do interesse da universidade."
"Mas a omissão do governo brasileiro em relação à compra de terras é uma coisa dramática e só a universidade é que se levanta contra isso. Os políticos, as autoridades brasileiras, que são extremamente delicadas no tratamento de questões nacionais, se omitem na hora de discutir alguns problemas que afetam profundamente a nação brasileira e o Estado brasileiro."
"São Paulo é reconhecido como um Estado autodesenvolvido. Isso tem uma importância fundamental. Se não houvesse a universidade, como é que teria havido a prospectiva de entender que no futuro São Paulo terá mais problemas do que outras regiões mais pobres."

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