São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Bolsa cai, mas ganhos ainda espantam

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As Bolsas de valores fecharam em baixa ontem, último dia útil do primeiro semestre. Os operadores do mercado financeiro, mesmo assim, prepararam-se para comemorar, neste fim-de-semana, o desempenho das ações -senão de todas, pelo menos das blue chips.
O aparente contra-senso é fácil de ser explicado: as ações representadas pelo Ibovespa, índice das mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, terminaram o mês de junho no topo do ranking das aplicações mais rentáveis.
O Ibovespa fechou ontem em baixa de 2,22%, a 60.438 pontos, mas no acumulado do mês o ganho foi de 5,52%. No ano, o Ibovespa embute uma valorização expressiva: 40,59%, nada menos que 6,6 vezes a taxa de inflação registrada pelo IGP-M.
É certo que as ações da Telebrás representam, sozinhas, cerca 65% do volume negociado na Bovespa, a maior Bolsa do país, dona de mais de 90% das transações com ações.
Mas como a maior parte do mercado segue de perto essa "benchmark" (ação referencial), atrelando carteiras de investimento ao Ibovespa futuro na BM&F, é lícito imaginar que muita gente ganhou dinheiro com ações nos últimos seis meses.
Ontem, a Telebrás PN abocanhou 58,5% dos negócios na Bovespa, fechando em baixa de 2,3%, a R$ 70,10 o lote de mil ações. As maiores quedas foram da Acesita PN, com -9,0%, da Cemig PN, com -6,3% e da Ceval PN, com -3,6%. As maiores altas foram da Cesp PN, com 4,9%, da VCP PN, com 2,4% e da CPFL, com 2,2%.
A expectativa do mercado é de que o segundo semestre comece animado nas Bolsas. Quem tinha de realizar lucros já o fez, o que teria ocasionado a queda do Ibovespa no último dia do mês.
No mercado de câmbio, o dólar comercial (das exportações e importações) fechou a R$ 1,0040 para compra e a R$ 1,0041 para venda, dentro do esperado.
O Banco Central interveio para elevar minibanda em mais R$ 0,0010, subindo-a para R$ 1,0040 a R$ 1,0090). Com isso, desvalorizou o real em 0,60% em junho, dentro do previsto pelas bolas de cristal do mercado financeiro -por sinal, cada vez mais precisas, dada a previsibilidade quase monótona das taxas e da estabilidade messiânica das intenções e metas dos diretores do BC.

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