São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Miniciclo traz o cinema intimista de Philippe Garrel

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Sala Cinemateca oferece hoje e amanhã uma rara oportunidade para quem quer conhecer o cinema pessoal e intransferível do francês Philippe Garrel.
Os dois filmes programados, ambos com legendas em português, nunca foram exibidos comercialmente no país.
Nos dois casos, o cineasta aborda, de maneira fragmentária e elíptica, o tema das relações afetivas no mundo de hoje. O núcleo desses "dramas desdramatizados" é sempre um par de casais em crise e suas transformações.
"J'Entends plus la Guitare", de 1990, ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza. Acompanha um 'àffair" estranho e infeliz entre um francês e uma imigrante alemã ao longo dos anos, em contraponto à secura da vida amorosa de um pintor cético.
O filme é dedicado à ex-mulher do diretor, Nico, do grupo pop americano Velvet Underground.
Rodado em preto-e-branco, com fotografia de Raul Coutard (fotógrafo dos primeiros filmes de Godard), "La Naissance de l'Amour" é ainda mais sintético e exemplar da estética do autor.
Os dois homens que têm seus relacionamentos amorosos expostos cruamente são interpretados por Lou Castel e Jean-Pierre Léaud, dois nomes centrais do cinema de ruptura dos anos 60: o primeiro, como protagonista dos filmes de Marco Bellochio, o segundo como ator-ícone de Godard e Truffaut.
O mais interessante no cinema de Garrel, entretanto, é a maneira como lida com o tempo. Sua narrativa rejeita abertamente a decupagem convencional e o jogo de campo-contracampo.
Cenas em "tempo real" alternam-se com saltos bruscos de tempo, sem o recurso à sintaxe habitual que "mastiga" para o espectador essas passagens.

Mostra: Sessão Especial Philipe Garrel
Onde: Sala Cinemateca (r. Fradique Coutinho, 361, tel. 881-6542)
Programação: Hojé, às 19h50, J'Entends Plus la Guitare. Às 21h40, La Naissance de l'Amour. Amanhã, às 19h45, La Naissance de l'Amour. Às 21h30, J'Entends Plus la Guitare

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