São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Classe média paga cirurgia em 12 vezes

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O sonho do rejuvenescimento a cortes de bisturi está próximo da classe assalariada. A concorrência dos profissionais e a estabilidade da moeda estão permitindo cirurgias plásticas a preço de carro usado, em parcelamentos de eletrodomésticos.
A funcionária pública Dalva Lucena operou o abdômen com uma entrada de R$ 700,00 e 11 prestações de R$ 210,00. Dalva ganha R$ 350,00 por mês.
Nas mãos de um cirurgião renomado, uma plástica dos seios -a mais procurada pelas mulheres- custa entre R$ 4.000 e R$ 5.000. Quinze anos atrás, custava entre R$ 6.000 e R$ 7.000. Em clínicas populares, pode ser feita por R$ 2.500,00, à vista.
Mesmo os cirurgiões mais renomados estão operando a prestações. O crediário varia de 3 a 12 meses. Já há empresas organizando uma espécie de consórcio, onde uma plástica dos seios pode ser dividida em 18 prestações de R$ 163,00 ou R$ 250,00, dependendo do hospital escolhido.
"O Plano Real deixou os parcelamentos mais seguros", diz Carlos Augusto Keffer, gerente da Master Health/Movenos, empresa de SP que, em dois anos, realizou 500 cirurgias em "consórcio".
Os donos da Clínica de Cirurgia Plástica de São Paulo dizem que a redução do preço está sendo viável por causa do volume de cirurgias.
"Procuramos todos os meios para viabilizar o sonho das pessoas que nos procuram", diz o proprietário Willian Gauss.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) faz uma série de restrições a modalidades como consórcio, clínicas que anunciam "milagres" por preços baixos e médicos que não têm o título de especialidade.
"Somos contra pagamentos antecipados e empresas intermediárias, como consórcios", afirma Farid Hakme, presidente da SBCP. "Os parcelamentos devem se limitar a um entendimento entre o médico e o paciente", afirma José Tariki, também da sociedade de cirurgia plástica.
Em 1995, 120 mil plásticas foram feitas no país, 20 mil a mais que no ano anterior. "Duas décadas atrás, quem fazia plástica eram mulheres de empresários e executivos. Hoje, são mulheres que trabalham, secretárias, recepcionistas e advogadas", diz Herbert Gauss, 43 anos e 8.000 plásticas.

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