São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996 |
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Para especialistas, cirurgia é dispensável
AURELIANO BIANCARELLI; NOELLY RUSSO
Eles afirmam que as operações não encontram razões fisiológicas para ser realizadas. "Lábios grandes, por exemplo, não impedem um bom relacionamento sexual", diz o ginecologista, presidente da Sociedade Paulista de Ginecologia e professor da Universidade Federal de São Paulo, Edmund Chada Baracat. "Eu procuro conversar com as pacientes que reclamam, por exemplo, do tamanho dos lábios vaginais, e desaconselhá-las de fazer a cirurgia", diz ele. Baracat afirma ter feito uma única intervenção de redução de lábios. "Tais cirurgias são desnecessárias do ponto de vista clínico." Segundo o médico, os riscos de uma cirurgia desse tipo são os mesmos de qualquer outra. "Corre-se risco de infecção e do resultado não ser exatamente o que a paciente esperava." Baracat diz que é preciso tomar cuidado com cirurgias que prometem estreitar a vagina. "Alterações no períneo (base que sustenta os órgãos genitais e a bexiga) são cirurgias mais complexas e precisam de um especialista, no caso, o ginecologista." Ele aconselha as mulheres a sempre procurar o ginecologista antes de ir ao cirurgião plástico. "Às vezes, a mulher realmente sente-se mal com a aparência de sua intimidade, e uma intervenção pode ajudá-la a ter uma vida sexual melhor. Mas, ainda assim, o ideal é sempre conversar antes com o ginecologista." Decepção Efrem Lopez, do Instituto Belc de Andrologia, diz que só em casos raros uma cirurgia resolve problemas de disfunções sexuais. "Em mais de 90% das vezes, a causa da disfunção é psicológica ou emocional." Segundo ele, implantes para aumentar o tamanho do pênis, por exemplo, podem causar uma grande decepção. "O paciente acaba criando uma grande expectativa e sofrendo com isso. Uma consulta com especialista é fundamental." O Conselho Regional de Medicina alerta para as promessas das cirurgias plásticas de todos os tipos. "O médico não pode garantir a cura, assim como não pode garantir o resultado de uma plástica", diz Pedro Henrique Silveira, presidente do CRM. Segundo ele, o conselho registrou denúncias de pessoas que se sentiram enganadas por cirurgiões. "A medicina é uma ciência semi-exata, de meio, e não de fim." Na sua opinião, as pessoas devem "saber que podem ser felizes do jeito que elas são". "Não fosse assim, quem não pode pagar uma plástica estaria condenado à infelicidade." (AB e NR) Texto Anterior: Assistente 'quebra o gelo' Próximo Texto: Aposentado opera por amor Índice |
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