São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Reativação virá, mas sem empregos

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ritmo de atividades da economia está se acelerando e deve se manter mais firme nos próximos meses em comparação com o primeiro semestre de 96. Mas essa tendência de retomada não significa necessariamente aumento no nível de emprego, especialmente na indústria.
Essa é a expectativa de grandes e médias empresas do setor privado, registrada pelas consultorias e confirmada em entrevistas de alguns grupos empresariais à Folha.
Um exemplo disso é a Belgo Mineira, um dos dez maiores grupos privados nacionais. A empresa prevê aumento de cerca de 5% nas vendas de julho a dezembro em relação ao primeiro semestre. Apesar disso, o número de funcionários -que é de 4.150 atualmente- deverá se manter estável.
Uma das razões para a decisão das empresas de não aumentar de imediato o número de funcionários é a incerteza quanto à duração dessa nova fase de crescimento das vendas. Pode estar ocorrendo o que os economistas chamam de "bolha" de consumo, de curta duração e sem sustentação.
Temor de inadimplência
Os empresários temem que o aumento nas encomendas e nas vendas, constatado desde maio, seja baseado apenas na expansão do crédito, o que poderia levar ao aumento na inadimplência, afirma Boris Tabacof, diretor da Fiesp.
Além disso, a maior preocupação de grande número das empresas continua sendo a busca da competitividade, com a consequente redução dos custos.
"Substituições de funcionários por terceirizados mais eficientes e por maquinário e automação continuarão ocorrendo, independentemente do desempenho das vendas", diz José Rainho da Silva, sócio da consultoria Ernst & Young.
Uma pesquisa feita recentemente pela Price Waterhouse junto a grandes empresas mostra que apenas 14,1% pretendem contratar pessoal no segundo semestre, embora a maioria estime aumento nas vendas nesse período.
O cenário político também traz incertezas. Enquanto não forem aprovadas as reformas consideradas essenciais pelos empresários e pelos investidores estrangeiros, a decisão de investir fica comprometida, dizem os empresários.
Dados da Fiesp mostram que começa a haver recuperação no desempenho, inclusive nos setores industriais duramente afetados pelo desaquecimento da economia constatado desde meados de 95, como o de bens de capital.

LEIA MAIS sobre perspectivas do Real nas págs. 2-3, 2-4, 2-5, 2-7 e 2-8

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