São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Confederações usam o 'ouro' das estatais

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maior parte do patrocínio às equipes brasileiras na Olimpíada de Atlanta sai dos cofres das estatais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Embratel, Correios e Telebrás.
Os patrocínios viabilizam as atividades das confederações de vôlei, basquete, esportes aquáticos (só um de seus esportes, a natação, vai aos Jogos), atletismo e judô.
Sem esses patrocínios, as equipes não chegariam a Atlanta, até porque tiveram que passar por jogos pré-olímpicos.
A verba dessas empresas só não pagam as despesas com os 353 integrantes da delegação (incluindo atletas, técnicos e dirigentes), de 19 modalidades, em Atlanta.
Elas são cobertas pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), exceto no caso do futebol.
O aparente contra-senso é que a logomarca dessas empresas não vai aparecer no uniforme dos competidores.
O merchandising é proibido nos Jogos Olímpicos e mesmo os símbolos das marcas de material esportivos colocados nos uniformes têm tamanho regulamentado.
Mesmo assim, as estatais dizem que o investimento vale a pena. Em muitos casos, a parceria é de longo prazo.
O Banco do Brasil não informa quanto investe na Confederação de Vôlei (seleções masculina e feminina). Diz apenas que é "menos do que R$ 5 milhões".
A parceria BB-CBV está consolidada desde a Olimpíada de 1992.
Retorno certo
A Caixa Econômica Federal investe R$ 2 milhões anuais na Confederação de Basquete (seleções masculina e feminina). A verba sai do Departamento de Promoções.
O dinheiro custeia todas as promoções da Confederação. A preparação para a Olimpíada custou R$ 800 mil.
O presidente da Caixa, Sérgio Cutolo, afirma que faria o mesmo investimento se estivesse presidindo uma empresa privada.
"O retorno é certo, pela mídia espontânea", diz Cutolo. Ele se refere às transmissões de jogos das seleções, mais fotos em jornais e revistas. O patrocínio aparece nas camisetas, de graça.
A ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) investe R$ 1,9 milhão por ano na Confederação de Esportes Aquáticos. Isso cobre todas as promoções da Confederação, não só a Olimpíada. Dez atletas representarão o Brasil na natação.
A Telebrás assinou em abril um contrato de patrocínio com a Confederação de Atletismo, no valor de R$ 2 milhões.
O dinheiro ainda não foi liberado porque a Telebrás não tem a dotação orçamentária específica para cobrir este contrato (leia texto abaixo).
A Embratel, uma das empresas do sistema Telebrás, mantém um convênio com a Confederação Brasileira de Judô. São cerca de R$ 500 mil, neste ano.
Os convênios entre estatais e confederações são firmados por intermédio do Ministério dos Esportes.
A dotação orçamentária do ministério (dinheiro previsto no Orçamento da União), para ajudar 55 entidades, é de R$ 2,8 milhões neste ano.

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