São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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ADMINISTRAÇÃO COVAS

Um ano e meio após a posse, o governo Mário Covas ainda é um misto de grandes promessas para o futuro e realizações muito mal divulgadas, a ponto de dar a sensação de um governo semiclandestino.
Exemplos dessas duas situações inconvenientes aparecem em abundância nas entrevistas que esta Folha promoveu com dez secretários de Estado e cujos resumos começam a ser publicados hoje. Para ficar na área de infra-estrutura, a primeira abordada, o secretário dos Transportes Metropolitano, Cláudio de Sena Frederico, admite que sua pasta não acrescentou nenhum centímetro quadrado de infra-estrutura em 18 meses.
Mas promete, para logo mais, o início da expansão do Metrô da capital até aumentar, ao final da gestão, em 30% a rede desse meio de transporte.
Já o secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Hugo Marques da Rosa, garante que, mesmo sem ter feito obras novas e, sim, racionalizado o uso das existentes, conseguiu retirar 1 milhão de paulistanos do humilhante sistema de rodízio no fornecimento de água.
Está aí uma realização de que tomaram conhecimento apenas os seus beneficiários diretos. Melhor divulgada, tal informação daria aos outros 3 milhões ainda submetidos ao terrível rodízio a expectativa de que sua vez está para chegar.
É claro que propaganda abusiva, com dinheiro público, é condenável. Mas o governo Covas não parece capaz de distinguir propaganda de prestação de contas, esta sim uma obrigação. É exatamente este o caráter que a Folha empresta à série de entrevistas com os secretários estaduais: dar-lhes a oportunidade de dizer o que fizeram e, aos leitores, a ocasião de anotar promessas para cobrá-las e conferir se o dito pelas autoridades corresponde aos fatos.

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