São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Os ilegítimos

EDUARDO VIOTTI

Réplicas de Jaguar, AC-Cobra e Porsche possibilitam comerciante a andar na rua sem medo
Paulo Kurbhi, um comerciante de 46 anos, faz questão de exclusividade. Sem ser colecionador de antiguidades, tem uma minifrota de réplicas de carros clássicos, que utiliza como condução em todas as suas incursões pela cidade e até mesmo nas estradas.
Nada de normalíssimos Gol ou Monza. Nem fale na praticidade de um Uno Mille perto dele. As réplicas -duas do belíssimo Jaguar XK, com mecânica de Opala seis cilindros, uma do famoso AC-Cobra de competição (com mecânica Ford V8) e uma de Porsche Super 90 Cabriolet (motor VW)- possibilitam a Paulo rodar com seus carros diariamente. Afinal, usam peças de carros nacionais e qualquer mecânico sabe consertar.
"Eu gosto das linhas desse tipo de carro, elas sempre me atraíram", diz.
Ele afirma que a exclusividade e a capacidade de chamar a atenção é maior que a de um importado, que custa muito mais caro. "Em todo lugar há um importado, mas quando eu paro o Cobra ou o Jaguar, logo se forma uma rodinha. As pessoas querem saber mais, conversar... Hoje, ninguém mais pára e aponta um importado na rua: "Olha, lá vai uma BMW."
Mesmo chamando a atenção com seu saudosismo ambulante, Kurbhi diz não dedicar aos carros atenção especial. "Todo carro precisa de atenção. É igual a rodar um carro nacional." Palavras de um apaixonado pelas linhas sinuosas das "baratas" dos anos 50 e 60.
Acossadas pela entrada dos carros importados, as réplicas não são mais feitas no Brasil, embora haja inúmeros fabricantes de réplicas nos EUA e na Europa.

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