São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Há 30 anos, meganovela exibia seu 596º capítulo

'Redenção' durou 2 anos e lançou o galã Francisco Cuoco

MAURO ALENCAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando há 30 anos Raimundo Lopes resolveu levar para a TV Excelsior sua radionovela "Sublime Redenção", apresentada na Rádio Mayrink Veiga em 1957, não imaginava estar contribuindo de maneira decisiva para o início das superproduções na telenovela brasileira.
Na extinta emissora paulista, a novela chamou-se "Redenção" e foi responsável por grandes momentos da história da telenovela. Pela primeira vez, ergueu-se uma cidade cenográfica, em São Bernardo do Campo -local onde, tempos depois, foi construída a Cidade da Criança, guardando a famosa estação ferroviária, ponto de encontro de vários personagens da novela.
Na cidade do interior paulista imaginada por Raimundo Lopes, chega o jovem médico Fernando Silveira (Francisco Cuoco). Seu comportamento misterioso desperta paixão na maldosa professora Marisa (Lourdes Rocha), filha do prefeito Juvenal (Rodolfo Mayer), e na doce Ângela (Miriam Mehler), filha do sapateiro Carlo (Vicente Leporace).
Ele se casa com Ângela, que morre repentinamente, e passa a ser assediado por Marisa. Com isso aumentam os mistérios sobre a origem e o caráter do dr. Fernando. Esses conflitos só teriam fim com a chegada de Marta (Lourdinha Felix), por quem o Dr. Fernando se apaixona.
Outros destaques do elenco eram Márcia Real, Procópio Ferreira, Lélia Abramo, Geórgia Gomide, Armando Bogus e Fernanda Montenegro.
Projetada para cem capítulos, "Redenção" agradou tanto que a trama -dirigida por Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury- ganhou vários prêmios e tornou-se a mais longa novela da TV: 596 capítulos no ar.
Além da trama bem desenvolvida e o sabor brasileiro que dominava a novela (especialmente para um público que já cansava de assistir aos dramalhões mexicanos e argentinos), outro fator determinou o êxito da novela: o talento e o carisma de Francisco Cuoco, que conquistou o país e se projetou como um dos maiores atores do país.
Entretanto, ele teve que dividir sua popularidade com a grande fofoqueira de "Redenção" -dona Maroca (vivida por Aparecida Baxter), que comentava a vida de todos com sua vizinha, dona Zilda (Wilma de Aguiar). A empatia do público com a atriz e a personagem foram tão grandes que, a certa altura da trama, dona Maroca deveria morrer. Mas, pressionado pela audiência, Raimundo cedeu e acabou mudando a novela.
A maneira encontrada foi um transplante de coração realizado por dr. Fernando em dona Maroca. Naquela época era feito o primeiro transplante pelo dr. Barnard, na África do Sul -vários acontecimentos de "Redenção" uniam ficção e realidade.
Enquanto esteve no ar, "Redenção" provocou fortes emoções. Era assunto diário dos brasileiros de maio de 66 a abril de 68. Lembro-me até hoje da maldosa professora Marisa afogando-se num pântano com "Tema de Lara" ao fundo.
Por tudo isso, torcer pela volta de "Redenção" é dever de todo bom telespectador.

Texto Anterior: Miniparabólicas ampliam opções
Próximo Texto: Estrela de 'Twister' vai produzir seriado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.