São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Perícia prepara versões sobre as mortes

ARI CIPOLA

ARI CIPOLA; LUIZ CAVERSAN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Principal dúvida da equipe de legistas é a possibilidade de Suzana Marcolino ter cometido suicídio

LUIZ CAVERSAN
Confirmada esta possibilidade, a polícia deverá concluir pelo crime passional.
Na saída da missa de Sétimo Dia da morte de PC, o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy, disse que faltava esclarecer um único ponto das circunstâncias da morte. Este ponto, "definitivo", segundo o governador, será, segundo ele, esclarecido por Badan Palhares.
O ponto: Suzana se matou?
A Agência Folha teve acesso exclusivo aos croquis preparados por Nivaldo Cantuária, do Instituto de Criminalística de Alagoas.
Os seis croquis detalham as versões oficiais sobre as cenas que teriam antecedido as duas mortes. Neles a polícia não faz a representação gráfica de um suposto assassinato de Suzana pelos seguranças.
A primeira sequência de três croquis mostra como Suzana matou PC. Ela aparece em pé segurando o revólver com as duas mãos e apontando para PC, que está deitado com o lado direito do corpo encostado no colchão. Ela atira.
Com o impacto da bala, PC vira o corpo e fica de barriga para cima, posição em que foi encontrado e fotografado pela perícia.
A explicação da perícia é repassada à reportagem da Agência Folha pelo delegado Torres, que além dos croquis mostra fotos oficiais.
"Até o momento que concluir seu trabalho, o perito vai dizer se Suzana estava em pé ou ajoelhada na cama no momento do tiro. Os levantamentos milimétricos já foram feitos, mas ainda não estão todos tabulados", afirmou Torres.
A bala entra na região axiliar esquerda de PC, não atinge o coração, porém atravessa os dois pulmões do empresário, segundo ele.
PC não esboçou dor ou qualquer contração muscular, pelo alto teor alcoólico encontrado em seu sangue nos exames de vísceras feitos no Instituto de Criminalística da Bahia, segundo o delegado.
Com o auxílio das fotos, o delegado mostra que o sangue de PC vazou apenas depois que seu corpo foi virado pelos peritos.
Na sequência de croquis que mostra como Suzana teria se suicidado após matar PC, a perícia mostra sua principal dúvida. Os peritos ainda não sabem se a posição em que seu corpo estava quando foi encontrado pela polícia é compatível com o suicídio.
A definição do suicídio de Suzana é demorada, segundo o delegado, devido ao fato de que a bala atravessou seu corpo e depois furou a parede para cair no chão.
Os peritos usaram uma linha para representar a trajetória da bala, o que reforçou a tese de que é possível que ela tenha se matado.
No croqui, Suzana atira contra o peito na posição inicial divulgada pela polícia: sentada na cama, com a perna direita para fora e com a esquerda dobrada. Suzana atira contra o peito com as duas mãos.
O croqui seguinte, mostra a cena de Suzana morta em perspectiva. Na terceira representação gráfica, a perícia coloca Suzana atirando no próprio peito e ajoelhada na cama. Também usando duas mãos.
"As manchas de sangue em sua perna e no lençol, o fato de o tiro não ter sido dado em posição absolutamente letal, o estado emocional da Suzana e a compra da arma levam para o suicídio dela", afirmou Torres.

Texto Anterior: Equipe da Unicamp deve pedir exame de DNA em bala
Próximo Texto: Pontos obscuros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.