São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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Caça-fantasma tenta 'exorcizar' Câmara

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma equipe de parapsicólogos e "caça-fantasmas" começa hoje a investigar a suposta ocorrência de fenômenos paranormais no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo (região central da cidade).
A investigação será feita pelos parapsicólogos Wellington Zangari e Fátima Machado, do Instituto de Pesquisas das Áreas Fronteiriças da Psicologia (Interpsi).
Zangari e Fátima foram atraídos por uma série de depoimentos de vereadores e funcionários que afirmaram ter visto "aparições" e ouvido "vozes inexplicáveis" nos últimos meses.
Os relatos falam em "pessoas que desaparecerem em corredores" e que "aparecerem do nada dentro de elevadores e na biblioteca" do Palácio Anchieta.
O caso mais recente teria ocorrido com o vereador Faria Lima (PPB). Ele afirma que, há cerca de dois meses, foi "trancado inexplicavelmente" em seu gabinete, no 5º andar. Ao bater na porta pedindo socorro, ele diz ter ouvido, do outro lado, pessoas falando em uma "língua irreconhecível".
75% de fraudes
"O problema é que pelo menos 75% dos casos que investigamos acabaram revelando apenas fraudes", diz Fátima Machado.
Para alguns psicólogos e psiquiatras, a maioria das pessoas que afirmam ver fantasmas ou ouvir vozes pode estar sofrendo distúrbios psicológicos.
"Nesse trabalho usaremos gravadores, câmeras fotográficas com disparo automático e filmadoras com filmes especiais", diz Zangari.
Também será usado um magnetômetro, aparelho que mede variações de campo magnético em um determinado local.
"Variações energéticas podem estar sendo causadas por problemas no sistema elétrico da Câmara", diz o parapsicólogo.
Alteração cerebral
Zangari afirma que variações eletromagnéticas muito grandes num determinado local podem alterar o funcionamento cerebral de algumas pessoas.
Essa informação é confirmada também por especialistas que rejeitam a existência de fenômenos paranormais.
A pesquisa dos parapsicólogos deverá durar pelo menos um mês e será bancada pelo próprio instituto. Ela vai incluir entrevistas e testes psicológicos com as pessoas que relataram os fenômenos, além da permanência da equipe no local durante algumas noites.
A equipe de Zangari e Fátima também pretende estudar outras supostas ocorrências paranormais na região do vale do Anhangabaú, nome que na mitologia tupi-guarani significa "espírito do mal".
Os fantasmas da Câmara estão chamando a atenção de especialistas do mundo todo. A pesquisa do Interpsi será monitorada pelo Instituto de Pesquisa da Consciência da Universidade de Nevada (EUA), pelo Laboratório de Parapsicologia Rhine, da Carolina do Norte (também nos EUA), pelos professores de parapsicologia da Universidade de Edimburgo (Escócia) e pelo Centro de Estudos Integrais de Porto Rico.
Todos os dados coletados pelos parapsicólogos brasileiros sobre a Câmara paulistana serão enviados via Internet para esses locais.

LEIA MAIS sobre os caça-fantasmas na pág. 3

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