São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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Marcha gay reúne 500 em Copacabana

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em comemoração à Semana do Orgulho Gay, cerca de 500 homossexuais e simpatizantes participaram ontem à tarde na avenida Atlântica, em Copacabana (zona sul do Rio), da "marcha pela cidadania plena de gays, lésbicas e travestis".
A concentração foi no quiosque Rainbow, onde foi aberta uma bandeira colorida, de 124 metros de comprimento, que simbolizava o "orgulho gay". A marcha virou festa, com a participação de um trio elétrico.
O homossexual Danilo Alves, 34, protestou contra a discriminação sofrida por homossexuais nos templos evangélicos. Com o rosto pintado com pasta de dente branca, Alves marchou segurando a Bíblia e um cartaz que dizia: "Sou gay, e o senhor é o meu pastor".
A caminhada foi promovida pelos cinco grupos gays do Rio: Arco-Íris, Astral (Associação de Travestis), Barra Less Cult, Atobá e ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis).
"Além da Semana do Orgulho Gay, apoiamos o projeto da Marta Suplicy de união civil entre pessoas do mesmo sexo e a inclusão na Constituição da não-discriminação por orientação sexual", disse o presidente do Arco-Íris, Augusto Andrade.
A aposentada Diléia Cavalcante Albuquerque, 73, frequenta o Rainbow, mas não sabia que se tratava de reduto GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Ela fez questão de dizer que não é GLS. "Nem sabia que era ponto de gay. Se eles não me xingarem, está tudo bem. Cada um tem o direito de levar a vida como quiser", disse.
Grupos homossexuais de todo o país apoiaram a caminhada. "A situação melhorou, mas ainda há preconceito, principalmente em São Paulo, que é uma cidade repressora", disse a presidente do grupo santista Filadélfia, Indianara Alves Siqueira, 25.
Representantes da ONG (organização não-governamental) Noss (Núcleo de Orientação e Saúde Social) distribuíram 2.500 camisetas, 4.000 preservativos e panfletos sobre a Aids.
"Não existe mais grupo de risco. Existe comportamento de risco. Participamos de todas as manifestações, sejam elas homo ou heterossexuais", explicou Beth Félix, 38, do Noss.

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