São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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Corte nos Estados segura Real, diz FHC

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que os Estados devem reduzir gastos para equilibrar suas contas e contribuir para o sucesso do Plano Real.
Outros pontos importantes para o plano são a aprovação das reformas constitucionais enviadas ao Congresso Nacional e o fim das aposentadorias privilegiadas.
A declaração de FHC foi feita ao responder uma pergunta da estudante Elen Francine Silvestre, de São Paulo, sobre o que pode ser feito para melhorar o Plano Real, que completa hoje dois anos.
Elen e outros 17 alunos de nove Estados tiveram um encontro de quase 50 minutos com FHC no Palácio da Alvorada (residência oficial) para conversar sobre o Real.
O estudante David Lisboa Vargas apagou duas velinhas de um bolo com a inscrição "1 Real". O primeiro pedaço foi cortado pela primeira-dama, Ruth Cardoso.
Salários atrasados
A preocupação do presidente se explica pelo fato de que o governo federal poderá ser obrigado a socorrer novamente os Estados com dificuldades financeiras.
Seis Estados que já receberam recursos da CEF (Caixa Econômica Federal) estão com os salários dos servidores em atraso.
"O empréstimo não deu nem para remediar", disse o secretário da Administração do Mato Grosso do Sul, Silvio Aparecido Barbeta. Segundo ele, o empréstimo de R$ 52 milhões da CEF já foi usado.
Também estão com salários atrasados os servidores dos seguintes Estados: Espírito Santo (30 dias), Mato Grosso (45 dias), Rio Grande do Sul (13 dias para alguns cargos), Alagoas (90 dias) e Piauí (105 dias).
O levantamento foi feito pelo Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Administração junto a 20 Estados. Dez deles comprometem mais de 70% da receita com o pagamento da folha salarial.
A situação dos Estados continua ruim, mesmo após terem assinado programas de ajuste fiscal com o Tesouro e pegarem recursos da CEF para saldar dívidas atrasadas.
O secretário da Administração e dos Recursos Humanos do Rio Grande do Sul, Otomar Vivian, disse que tem de pagar o salário de alguns servidores com 13 dias de atraso por falta de dinheiro.
A decisão do governo gaúcho foi pagar em dia o salário dos técnicos de nível médio, professores e servidores da saúde pública. Recebem com atraso os delegados de polícia e procuradores da Justiça.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, disse que "o governo não pode virar as costas para os Estados. É uma corda bamba na qual o governo tem que trabalhar."
"Nossa ação vai ser dirigida pela constatação do esforço. Não vamos embarcar em Estado que não tenha feito esforço de redução."

LEIA MAIS sobre o segundo ano do Plano Real nas págs. 2-3, 2-4 e 2-5

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