São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996 |
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Tradição é tradição
JUCA KFOURI A Alemanha só perde quando soa o apito final. Antes, jamais.Perdeu, é verdade, para a Argentina em 1986. Mas só depois de ter ido buscar o empate, a dez minutos do fim, num jogo em que era derrotado por 2 a 0 e parecia liquidado. A tradição vencedora germânica, portanto, parece nascer de sua incrível determinação em acreditar sempre. Basta verificar, por exemplo, quantos gols saem nos minutos derradeiros no Campeonato Alemão. E não foi diferente contra a República Tcheca, que jogou melhor, foi beneficiada por um pênalti inexistente e acabou surpreendida pela obcecada fé alemã, personificada por um tal Bierhoff -que se já não é marca de cerveja certamente o será. Qualquer mortal desabaria diante do gol tcheco. A maldição de Wembley parecia dar o ar de sua desgraça, como se fosse proibido aos alemães comemorar um título em Londres. Se 30 anos atrás a bola do artilheiro Hurst não entrou e decidiu a Copa de 1966 para a Inglaterra, agora era o brilhante Poborsky que não estava dentro da área ao ser atingido por Sammer. Mas o alemão é um povo determinado. E disciplinado. Pênalti marcado, menos que reclamação, apenas um pequeno, e justo, protesto. Lá se foram os alemães em busca do tempo perdido, ou melhor, do tempo a ser ganho. Na primeira participação do centroavante que joga na Udinese, gol de Bierhoff. De cabeça, e com a estrela e inteligência do técnico Berti Vogts. Depois, no começo da prorrogação, outra vez Bierhoff. De virada, e com o duplo sentido a que tem direito. Alemanha tricampeã da Europa, como é do mundo. Só lamento que Alemanha e Brasil jamais tenham se enfrentado numa Copa do Mundo. Já imaginou que confronto de tradições? * A tradição falou mais alto em Londres e, também, em Porto Alegre. Grêmio campeão gaúcho 4, Juventude 0. Se um árbitro italiano quase acabou com a Alemanha, um gaúcho ajudou o Grêmio, ao não ver dentro do gol a bola que abriria a contagem para o time de Caxias do Sul. O Grêmio se vingou da Parmalat. * \Já no Rio, um árbitro carioca não deu um pênalti para cada lado e o Flamengo comemora um título justíssimo. Invicto! Mas como tinha gente dentro do campo! Texto Anterior: Surpresas russas; Giani faz a diferença; Mutirão Próximo Texto: Flamengo usa cautela para assegurar empate e título Índice |
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