São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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Cacife para atrair os viajantes é pequeno

Só 11% dos turistas fazem apostas

CLAUDIO GARON
DO ENVIADO ESPECIAL

Números oficiais informam que cassinos despertam o interesse de apenas 11% dos milhões de turistas que visitam Macau. Se são tão poucos, as aparências enganam.
Já nos barcos que ligam Macau a Hong Kong (origem de 80% dos visitantes), vendem-se bilhetes da loteria instantânea macaísta -a "raspadinha" local.
O cassino 24 horas do hotel Lisboa parece permanentemente lotado e com uma névoa quase sólida de fumo de cigarro -o antitabagismo não só nunca chegou à China, como os chineses estão entre os maiores consumidores do produto no mundo.
Diferentes dos cassinos do Velho Mundo, os cerca de dez de Macau nada exigem de seus clientes além de dinheiro para jogar. Trajes formais, nem pensar.
Como se não bastassem os cassinos, o jogo inclui apostas nos bichos. As corridas de cães atraem os locais e estrangeiros curiosos pelo exótico, e deprimente, espetáculo.
A anatomia dos cães parece deformada com o objetivo de torná-los mais velozes e aerodinâmicos. E, depois de ficarem o dia da prova sem alimento, são atraídos por um "coelho" -imitação mecânica de comida atrás da qual disparam os competidores.
A proibição dos jogos de azar na China e em Hong Kong faz a fortuna dos cassinos clandestinos e de Stanley Ho, um dos donos da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, concessionária exclusiva dos salões de jogos no território sob administração portuguesa.
O negócio é tão bom que, em troca da exclusividade, a STDM compromete-se a assegurar a dragagem dos canais de navegação em torno de Macau e a garantir a ligação marítima com Hong Kong -mais uma fonte de jogadores.

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