São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
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Testemunha diz que mentiu à polícia

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A funcionária pública Zélia Maria Maciel de Souza -que intermediou a compra do revólver usado na morte de PC Farias e da namorada Suzana- prestou ontem o segundo depoimento em cinco dias, dizendo que havia mentido e omitido informações.
"Eu menti porque estava com medo de ter o meu nome envolvido com o caso e também para preservar colegas", disse ela ao delegado Cícero Torres, que preside o inquérito sobre o crime.
Disse que Suzana fez dois testes de tiro com o revólver -no primeiro depoimento havia dito não ter tido conhecimento do fato - e contu em detalhes como Suzana adquiriu a arma -citando cinco homens que não apareciam no primeiro depoimento.
Gravidez
Afirmou que, no mesmo dia 14, Suzana havia feito exame de gravidez e que o resultado teria dado positivo -informação omitida no primeiro depoimento e contestada por laudo (leia texto à pág. 1-4).
Zélia disse que estava ao lado de Suzana quando, por telefone, ela recebeu informação de uma médica de que exame comprovava sua gravidez.
Zélia disse não saber o nome da médica. Segundo o delegado Torres, o exame foi feito no hospital do Sesi e deu resultado negativo.
A irmã de Suzana, Ana Luiza Noaro, disse que, na família, nunca se soube disso.
Roteiro
Ontem, Zélia disse que, na manhã do dia 14, ela e Suzana foram à casa de um amigo comum, Gílson, pegar uma bolsa.
Depois, as duas foram ao hospital do Sesi, onde Suzana fez o exame de gravidez.
Em seguida, foram à casa de outro amigo, Adelmo, que não estava. Depois, estiveram numa importadora dos Farias, onde perguntaram ao funcionário Josias Teixeira (colega de ambas) se ele tinha uma arma.
A partir daí, o grupo aumentou: Suzana, Zélia, Josias (que não tinha arma) e outro empregado da importadora, Joaquim, foram à loja de armas Colt 45, em Maceió.
Lá, de acordo com Zélia, Suzana olhou algumas armas, mas comprou apenas balas. Mais tarde, estiveram no sítio de Alexandre (outro amigo das duas), na periferia.
Zélia disse que, como chovia, não desceu do automóvel em que estava, mas escutou vários tiros. A arma era de Adelmo, que se incorporara ao grupo. Suzana lhe perguntou se queria vendê-la, mas ele disse que a arma era para uso pessoal, segundo Zélia.
O delegado Torres disse que vai ouvir todas as pessoas citadas.
Zélia disse ainda que nunca esteve na casa de praia de PC, onde os corpos foram encontrados, e que no dia 22, véspera das mortes, conversou por telefone com Suzana, mas não falaram sobre PC.

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