São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
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Darly obteve financiamento de banco quando esteve foragido

Mandante do assassinato usou documentos falsos

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O mandante da morte de Chico Mendes, Darly Alves da Silva, 60, conseguiu dois financiamentos do Basa (Banco da Amazônia) durante o período em que morou num assentamento do Incra, em Medicilândia, no Pará.
Ontem, na Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, onde está desde a noite de domingo, Darly disse que conseguiu R$ 13 mil junto ao Basa.
Para isso, usou documentos falsos, com o nome Francisco Matias de Araújo. Darly disse ter conseguido os documentos usando uma segunda via de uma certidão de nascimento obtida há mais de 30 anos, no Paraná, onde morou.
Segundo a PF, ele conseguiu outro financiamento em nome da nora Deusimar Nascimento Vidal.
Ela é mulher de Darci Alves Pereira, que confessou ter disparado contra Chico Mendes, em dezembro de 1988, e está foragido.
Condenação
Darly e o filho Darci foram condenados a 19 anos de prisão pela morte do líder seringueiro. Eles fugiram da Colônia Penal de Rio Branco (AC) em fevereiro de 1993.
Segundo investigação da polícia, Darci usa o nome falso de um primo (Daniel Darzila de Oliveira) e morava numa casa de madeira a 600 metros do pai.
A área foi usada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na década de 70 para estimular o povoamento ao longo da Transamazônica. Segundo a PF, no fim de 93, Darci comprou 300 hectares de um assentado.
Em fevereiro de 1994, Darly chegou à área depois de passar, em fuga, por seis Estados. Com o dinheiro do financiamento e a renda das fazendas no Acre, os dois chegaram a comprar 1.300 hectares.
Na área, há 7.000 pés de pimenta, 5.500 pés de cacau, 12 alqueires de capim e 140 cabeças de gado. "Eu me considerava numa colônia penal do mesmo jeito. Eu estava num buraco", disse Darly.

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