São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nova MP pode alterar a 'novela Banespa'

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova medida provisória (MP), que vem sendo preparada pelo governo federal e que vai criar um programa de ajuda a bancos estaduais, pode mudar completamente os rumos do acordo do Banespa, há um ano e meio sob intervenção do Banco Central.
No governo e fora dele, avalia-se que o governador Mário Covas deverá aguardar o envio da MP para fazer uma nova proposta.
O acordo, que seria a "salvação" do banco -cujo rombo está hoje por volta de US$ 18 bilhões- foi aprovado no Senado e na Assembléia paulista.
"O acordo atual tem vários problemas técnicos. As condições, desde que foi fechado, mudaram e isso pode ter gerado uma reavaliação do governo estadual."
A análise é feita por Adroaldo Moura Silva, economista que participou da elaboração do acordo.
'Data de corte'
Moura Silva, 54, diz que um dos principais problemas é a chamada "data de corte" -o data-limite para a renegociação do rombo do banco. Essa data foi 14 de dezembro de 94, quando o rombo chegava aos US$ 15 bilhões.
"Era preciso fixar uma data. Ninguém tinha controle dos eventos ou podia prever que a aprovação seria tão demorada", analisa o economista Moura Silva.
Como resultado da demora, o plano tornou-se obsoleto e o rombo aumentou em pelo menos mais US$ 3 bilhões.
Além dessa data-limite, Adroaldo Moura Silva vê impasses em outros itens básicos do plano.
Por exemplo, a inclusão dos aeroportos e da Fepasa, pelo Estado, como "moedas" para honrar o acordo com o governo federal.
A decisão sobre quem é o verdadeiro proprietário dos aeroportos -se Estado ou União-, bem como o valor estimado para a Fepasa vêm sendo contestados.
Ainda não há conclusão final sobre esses pontos. O Estado diz ter direitos sobre os aeroportos.
O Tribunal de Contas da União avaliou que tais direitos "não são tantos quanto São Paulo alega ter".
"Não é possível prever o que vai acontecer com o Banespa e qual será o desfecho do caso. Isso não é só uma novela. São várias", afirma Moura Silva.

Texto Anterior: 18 meses de governo
Próximo Texto: Oposição diz que preço foi alto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.