São Paulo, terça-feira, 2 de julho de 1996
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As últimas da Zélia

JOSIAS DE SOUZA

São Paulo - A morte de PC içou à superfície velhos personagens. Fomos, por assim dizer, compulsoriamente submetidos à continuação de um filme de segunda. Manjados, os atores desempenham novos e curiosos papéis.
Às voltas com três mulheres, PC virou tipo rodriguiano. Morto, teve a foto exibida na primeira página. O olho enorme, aberto. O buraco da bala. A mulher estatelada na cama. Suicídio? Assassinato? Dúvida.
Não é uma qualquer. O clã dos Farias a vende como mulher do barulho. Do tipo que flerta com o dentista.
Também Collor reapareceu. Pode-se dizer que é um sujeito à toa. No melhor sentido, claro. Falta-lhe o que fazer. Por isso passeia. E o faz com estilo, como de hábito. Toma água-de-coco na Polinésia Francesa.
Diz-se que a liberdade do ex-presidente é prova da impunidade que ainda grassa entre nós. Bobagem, bobagem. Collor condenou-se a si próprio. Impôs-se pena dolorosa e perpétua: o convívio eterno com Rosane, arquivo de suas peripécias.
Mas é de Zélia que desejamos falar mais detidamente. Intenção, aliás, insinuada desde o título. Tornou-se humorista nossa ex-czarina da economia.
Ela é acusada de ter-se lambuzado na dinheirama suja de PC. Diz-se que a prata pingou à farta na conta de seu secretário. E dali migrou para o pagamento de suas despesas pessoais -da reforma da casa à viagem da mãe para Aruba. Uma farra.
Pediu-se que explicasse. Foi à boca do palco e, diante do STF, contou ter recebido, ao tempo em que ainda era ministra, doação de US$ 40 mil de um primo. Em moeda sonante. Comprovantes? Não há. Disse ter vendido um relógio e um quadro. Nada de notas ou recibos.
Todo ouvidos, o ministro Neri da Silveira estranhou: "A minha grande dificuldade é entender isso". Ora, ministro, francamente. Zélia, está claro, mudou de ramo. Resolveu concorrer com o próprio marido.

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