São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Darly vai cumprir pena em Brasília

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

O fazendeiro Darly Alves da Silva, 60, mandante da morte do líder seringueiro Chico Mendes, vai cumprir o resto da pena, de 19 anos de prisão, no presídio da Papuda, em Brasília.
Darly ficará preso no CIR (Centro de Internamento e Reeducação), unidade de segurança máxima do presídio. Ontem, havia outros 1.014 presos nessa unidade.
A decisão de manter Darly preso em Brasília foi tomada ontem pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim, depois de receber fax do presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Jersey Pacheco Nunes.
O desembargador -que chama o preso, erroneamente, de Darli Alves de Souza- afirma a "inexistência, no estabelecimento prisional desta capital (Rio Branco), de reais condições de guarda e segurança do referido preso".
Nunes disse ser "aconselhável" que, até que se consigam melhorias no presídio Francisco de Oliveira Conde -onde funciona a Colônia Penal de Rio Branco-, Darly seja mantido em Brasília.
Transferência
Ontem mesmo, Jobim entrou em contato com o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), que assegurou vaga para a transferência, a ser feita hoje.
Chico Mendes foi assassinado a mando de Darly no dia 22 de dezembro de 1988. Darci Alves, filho de Darly, confessou o assassinato.
Os dois foram presos em janeiro de 1989 e condenados, em dezembro de 1990, a 19 anos de reclusão em regime fechado. Pai e filho fugiram da Colônia Penal de Rio Branco em fevereiro de 93.
No total, já haviam cumprido 4 anos e 1 mês da pena. Assim, Darly terá de cumprir outros 14 anos e 11 meses. Esse prazo não leva em conta, entretanto, possíveis benefícios ou indultos que lhe reduzam a pena.
Darly deve responder também à acusação de falsidade ideológica. Durante os três anos em que ficou foragido, usou documentos falsos.
Até as 19h de ontem, a Folha não havia conseguido falar com o advogado de Darly, Rubens Lopes Torres.
Família
A família de Darly vai ingressar na Justiça para conseguir sua transferência de Brasília para Rio Branco.
A funcionária pública Vera Lúcia Alves da Silva, 24, filha de Darly, que mora em Xapuri (AC), disse à Agência Folha que teme pela vida do pai, se ele continuar em Brasília. "Ele está muito idoso e precisa da família. Temo pela sua vida, se ele continuar preso em Brasília, onde não conhece ninguém", disse Vera.

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