São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Futebol tem público nos EUA, mas não dá lucro

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, quem está dizendo é a velha dama cinzenta, "The New York Times", o jornal que representa a opinião da elite de influência americana.
Na edição do domingo passado, o jornal apresenta os números deste que pode ser considerado o primeiro campeonato pra valer de futebol (soccer) profissional nos EUA.
Para assistir 69 jogos foram aos estádios 1.440.952 pessoas, quase 21 mil por partida -simplesmente o dobro da média de 10 mil por jogo, projetada pelos organizadores no início da competição.
Esta é a média. O pico está com o time dos Los Angeles Galaxy que, até a quarta-feira da semana passada, tinha uma média de 40.576 torcedores nos jogos em casa. O piso fica com o Colorado Rapids, que está meio devagar, que "só" leva 12.288 pessoas em média ao seu estádio.
Sucesso de público, o soccer ainda não é sucesso de audiência de TV entre os americanos: o máximo que a ESPN conseguiu foi 1 ponto (674.643 domicílios) de audiência.
A transmissão de futebol é sucesso entre os hispânicos: a rede de língua espanhola Univision conseguiu um pico de 7.8 pontos (cada ponto dela representa 72 mil domicílios).
Mas, apesar do público e dos patrocinadores, que foram além das cotas previstas, segundo o "The New York Times" a liga de futebol dará prejuízo na temporada deste ano, e também do próximo.
As cidades que menos aceitaram o futebol? Kansas City, Kansas, Tampa Bay, incrivelmente na Flórida, e Denver, Colorado. Nessas, como diria Tio Dave, é melhor você não procurar emprego, Joãozinho.
*
A "memorália" do fut ainda dá muito couro e cravo para chuteira, se é que as chuteiras ainda usam couro e cravo.
Citei aqui, por mero acaso, dois dos achados do divertidíssimo "O Guia dos Curiosos - Esportes", do Marcelo Duarte.
Pois bem, o sempre alerta Delphim Ferreira da Rocha Neto, lá da Piracicaba, do XV que vi tantas vezes por esse mundo velho sem porteira e do fundamental Arquivo Esportivo Rocha Neto, escreve para acrescentar novas informações sobre a questão dos números nas camisas dos jogadores.
Segundo "O Guia" (pág. 201), a numeração nos jogadores foi introduzida na Inglaterra em 1939 e chegou ao Brasil dez anos depois.
Na versão do Rocha Netto, o time inglês do Chelsea teria usado "camisas numeradas" em jogos contra a seleção carioca, contra o Corinthians e contra a seleção paulista, disputados em junho e julho de 1929, no Rio e em SP.
Ainda segundo Rocha Netto, quem lançou a moda no Brasil foi o EC Sirio de Piracicaba, em de 10 de março de 1935, quando disputou o torneio da Liga Piracicabana de Futebol.
Olhaí, se a informação estiver correta, é Piracicaba na vanguarda mais uma vez (lembra-se dos estudantes correndo pelados pela cidade, nos anos 70, e daquele carinha que disse que Piracicaba é a nossa "Misterdã, meu"?).

Texto Anterior: Feminino enfrenta no Canadá rivais olímpicas
Próximo Texto: Deu certo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.