São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Transferência atingiu 35%

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Saúde transferiu, do dia 20 do mês passado até a última terça-feira, cerca de 2.300 médicos, segundo levantamento feito pelo CRM. Isso representa 35% do total de médicos da rede municipal.
Os médicos foram removidos, em sua maioria, para as secretarias da Educação, Bem-Estar Social, Verde, Esportes, Obras e Governo.
Eles estão sendo transferidos porque não aderiram ao PAS. Durante a implantação do plano, os médicos podiam optar entre aderir ou ser transferidos. As remoções começaram em janeiro, mas se intensificaram no final do mês passado.
O CRM e o sindicato dos médicos acusam a secretaria de fazer transferências "aleatórias". Psiquiatras estariam indo trabalhar na Guarda Civil Metropolitana, cirurgiões, na secretaria do Verde etc.
Segundo o CRM, há ainda outro problema causado pelas transferências. A maioria dos funcionários removidos ainda não sabe para onde vai.
Esse é o caso do pediatra Ronaldo Fiore, 37. Ele foi transferido no último dia 21 para a Secretaria do Bem-Estar Social, quando seu nome foi publicado no "DO". Um dia depois se apresentou na secretaria.
Lá foi informado que deveria voltar no próximo dia 16 para saber onde iria trabalhar. Com isso, ele vai ficar sem trabalhar mais de 15 dias. Segundo o CRM, isso está ocorrendo com a maioria dos transferidos.
A Secretaria da Educação também está recebendo os ex-funcionários da Saúde.
"Agora, as escolas têm ginecologista, especialista em Raios X ", diz o presidente do Sinpeem (sindicato dos professores), Claudio Gomes Fonseca.
Os funcionários são primeiro enviados às delegacias de ensino e, lá, escolhem onde querem trabalhar. Como todos preferem colégios mais acessíveis, algumas escolas têm mais de dez novos funcionários.
É o caso da escola de 1º Grau Jean Mermoz, na zona sul, que recebeu 14 ex-funcionários da saúde, incluindo um cirurgião. "O pior é que eles não têm o que fazer", diz Giulia Pierro, do Fórum de Educação.

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