São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Inverno favorece diarréias em crianças

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um terço do movimento nos prontos-socorros infantis nesse começo de inverno está sendo gerado por crianças com diarréia.
O fenomêno não é novidade. Temperatura fria e ambientes cheios e com pouca circulação de ar, típicos desta época do ano, favorecem a difusão de vírus que são transmitidos por via aérea.
Esses vírus, além de causar diversas infecções respiratórias durante o inverno, também são importantes agentes causadores das diarréias agudas.
Segundo Ana Maria de Ulhôa Escobar, chefe da enfermaria de cuidados semi-intensivos do Instituto da Criança do HC-USP, o principal responsável por esses casos de diarréia é um vírus em forma de "roda" conhecido como rotavírus.
As vítimas mais frequentes são as crianças. O vírus é inspirado por elas, fica na garganta (onde pode provocar sintomas leves como tosse, irritação e febre) e depois é "engolido".
Ana Maria diz que, no sistema digestivo, o vírus se multiplica e provoca alterações no funcionamento das células da mucosa -revestimento interno do corpo.
O peristaltismo -movimento de propulsão dos alimentos através do tubo digestivo- fica acelerado, as células passam a liberar muita água e eletrólitos (sódio, potássio e cloro) e menos nutrientes são absorvidos. O resultado acaba sendo diarréia intensa e muitos vômitos.
Consequências
A criança pode ficar desidratada em poucas horas se não receber quantidade suficiente de soro. O soro da OMS (Organização Mundial de Saúde), do Ministério da Saúde ou preparações comerciais compradas em farmácia devem ser tomados, por via oral, após cada evacuação.
A alimentação da criança permanece normal e nenhum medicamento para "prender" o intestino deve ser dado.
Se a criança estiver vomitando muito e não estiver conseguindo "segurar" o soro no estômago, ela deve ser levada para um pronto-socorro para receber líquidos e medicamentos através da veia.
A diarréia por rotavírus é, em geral, uma doença de resolução rápida. Em uma semana, as crianças estão recuperadas. Menores de um ano podem ter quadros mais graves e se desidratar com maior facilidade.
A transmissão dentro de casa precisa ser evitada. As crianças e os adultos devem lavar bem as mãos depois de ter contato com a pessoa contaminada.
A troca da fralda também deve ser feita com bastante cuidado. O vírus pode ficar em suspensão no ar e ser inspirado por quem está efetuando a tarefa.

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