São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996 |
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Comunicação utiliza música
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JERÔNIMO DA SERRA (PR) A comunicação entre os caingangues não se realiza apenas por meio de palavras. Assobios, ruídos vocais (gritos) e sons musicais têm tradicionalmente tanta importância quanto a linguagem verbal.Esse instrumental de comunicação, perdido pelas novas gerações, está sendo resgatado pelos índios junto com a implantação da linguagem escrita, que não existia. Além dos índios mais velhos, antropólogos e linguistas também auxiliam essa redescoberta. A doutora em antropologia social Kimiye Tommasino estudou a comunicação entre os caingangues para sua tese de doutorado. Segundo ela, a cultura resiste, "mesmo invisível para nós brancos e muitos índios mais jovens". Ela cita como exemplo uma flauta feita com taquara e cerâmica, que era usada pelos índios para comunicação interpessoal. Até 1930, os últimos caingangues a serem pacificados ainda a utilizavam especificamente para o namoro. Cada índio tinha então sua música pessoal e um casal poderia namorar pela flauta, mantendo uma "conversa íntima", mesmo cercado por outros índios. Os ruídos vocais ainda persistem. Quando quer anunciar sua chegada a um local, um caingangue emite sons por meio de gritos. O alfabeto para uso na língua caingangue foi criado pela alemã Úrsula Weisemann, linguista e missionária, que também monitorou a primeira turma de professores bilíngues em 1969. Texto Anterior: Caingangues retomam suas tradições Próximo Texto: 'Meu lado branco nunca vai entender o lado índio' Índice |
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