São Paulo, segunda-feira, 8 de julho de 1996 |
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Teste de diplomata inclui opção sexual
PAULO SILVA PINTO
Os candidatos que fizeram o exame psicotécnico no último dia 27 de maio tiveram que responder, por exemplo, se sentiam atração por "mulheres masculinas". Em outra questão, assinalavam sim ou não para a afirmação: "Eu sinto atração por pessoas do mesmo sexo". Mais adiante, misturada com outros assuntos, a frase era repetida na forma negativa. Havia mais questões também direcionadas ao comportamento sexual: se os candidatos tinham pensamentos "sujos" ou vergonha de alguma atividade sexual. O ministro André Amado, diretor do instituto, disse que o exame psicotécnico não eliminou nenhum candidato. Segundo ele, se alguém declarou ter orientação homossexual, isso "não teve peso para a seleção". A impressão dos candidatos ouvidos pela Folha é a mesma. Um deles, que pediu para não ser identificado, disse que as questões não devem ter peso porque vários dos classificados para a fase final "pareciam ser homossexuais". Outro lado A psicóloga Sônia Hueb, responsável pelo exame psicotécnico -indicada pelo ministro André Amado para explicá-lo- negou que as questões existam: "Deve ser sonho. Todas as pessoas sonham, têm desvios". Ela deu explicações técnicas para o fato de várias pessoas ouvidas pela Folha terem "sonhado" com as mesmas questões. 'Eles fazem parte de uma mesma amostra. Há grupos que têm características semelhantes", disse. Segundo ela, o único objetivo do exame é verificar a potencialidade profissional. O ministro André Amado afirmou que a suspeita de discriminação sexual no exame de seleção para o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) não é nova. No regime militar afirmava-se que uma comissão de diplomatas que entrevistava os candidatos tinha por objetivo eliminar os homossexuais e os comunistas. A comissão deliberava secretamente e não explicava seus critérios. Todos os candidatos eliminados por ela, porém, conseguiram ser aprovados através de recurso. O perfil dos candidatos aprovados no Itamaraty "é o mais profissional dos últimos anos", disse o ministro. Ele afirma que o número de candidatos originários de famílias tradicionais caiu. Texto Anterior: Projeto faz escola em fazenda Próximo Texto: Famílias invadem área em Ribeirão Índice |
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