São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 1996
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Laudo alagoano não confirma suicídio

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O laudo dos legistas alagoanos sobre a morte de PC Farias e Suzana Marcolino não conclui se a namorada do empresário suicidou-se ou se foi assassinada.
O diretor do IML (Instituto Médico Legal) de Alagoas, Marco Antonio Peixoto, 48, disse ontem que a bala que matou Suzana descreveu uma trajetória "compatível" com o suicídio, mas ainda não há elementos suficientes para descartar a hipótese de homicídio.
O trabalho dos legistas alagoanos não é definitivo sobre o caso. Ele será usado na elaboração de um laudo final depois que o legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), tiver completado o seu relatório sobre as mortes.
Na apresentação do laudo, o diretor do IML falou sobre a falta de condições de trabalho em Alagoas. Ele usou uma faca de cozinha na autópsia de PC Farias porque não havia bisturi (leia texto ao lado).
Apesar da falta de equipamentos, Peixoto acha que as conclusões técnicas do laudo estão corretas. "Mesmo em condições precárias, fizemos um bom trabalho."
O laudo mantém que PC Farias morreu antes de Suzana Marcolino, com uma diferença que não passa de uma hora. Segundo Peixoto, os dois morreram entre 7h e 9h do último dia 23.
Suzana estava de estômago vazio ao ser morta e PC tinha "restos alimentares". O fato não contradiz o horário das mortes, diz Peixoto, pois o alimento pode ficar de três a seis horas no estômago.
Ele disse que bebidas alcoólicas "retardam a digestão" porque diminuem o peristaltismo (movimento digestivo do estômago).
Suzana foi ao banheiro minutos antes de morrer, porque sua bexiga estava vazia.
Sangue e embriaguez
Ao contrário do que havia sido divulgado até agora, Peixoto disse que havia sangue no pijama do empresário.
"O pijama lilás escondeu o sangue. PC sangrou pouco porque havia muita gordura e pelo fato de o tiro ter sido dado a uma distância superior a um metro", afirmou, acrescentando que não foram encontrados sinais de areia ou de que o corpo tenha sido lavado ou arrastado.
O diretor do IML disse que não havia sinais de sangue no nariz e na boca de PC, uma das situações consideradas estranhas por Badan Palhares.
Os exames de sangue feitos em Salvador (BA) mostram que o nível de álcool em PC e Suzana era de "embriaguez com ressalva", definida como intermediária.
"Nesse nível de embriaguez com ressalva, as pessoas ficam descontraídas, desinibidas", afirmou.
Os testes mostram ainda que o casal não usou drogas ou foi envenenado. Outra informação de Peixoto: Suzana não estava grávida nem havia feito um aborto nos 30 dias que antecederam sua morte.
Não foram constatadas doenças venéreas nos dois. De qualquer forma, o teste de Aids será feito hoje em amostras de sangue de PC e de Suzana.

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