São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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PC recebia propostas de casamento

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

PC Farias recebeu cerca de 500 cartas nos últimos seis meses com pedidos de dinheiro para pagar prestações atrasadas, tratamentos de saúde, compra de cadeiras de roda, entre outros apelos.
Além de dinheiro, algumas missivistas faziam propostas de casamento ao empresário.
"Cuidarei dos teus filhos", prometeu uma professora do Rio Grande do Sul que escreveu regularmente para PC desde a sua prisão em 1993, em Brasília.
Em algumas cartas, mulheres chegavam a mandar fotos para uma avaliação estética de PC.
Muitas destacavam que a aproximação nada tinha a ver com a fortuna do amigo do ex-presidente Collor.
A Folha teve acesso ao arquivo de cartas do ex-tesoureiro, guardado na casa de PC em Maceió, com a promessa de resguardar o nome dos remetentes.
Dezenas de inadimplentes pediam dinheiro para pagar prestação atrasada de geladeiras e outros eletrodomésticos.
PC dizia que o teor das correspondências era o seu termômetro para sentir como andava a crise econômica no país.
O empresário respondia a todos com uma carta padronizada -ele só assinava- de agradecimento por ter escrito.
A alguns casos considerados mais graves, PC mandava uma "ajuda". A "doação" era feita pelo seu secretário particular, Flávio Almeida Junior, responsável pelo contato com os correspondentes.
Enquanto os afagos em busca de resultados vinham pelos Correios, os desaforos a PC vinham por telefone, com muitos xingamentos.
Versos
A carta do advogado J.E.S.F, do Rio, é um raro exemplo das que não pede nada -apenas revela sua solidariedade a PC, que também era formado em Direito.
Outro solidário, de Goiânia, mandou para a casa do empresário, em Alagoas, uma pequena escultura com versos que acabaram sendo usados no convite para a missa de 7º dia de PC.
Os versos diziam: "As gargalhadas de desdém que a mim dedicam/ os despeitados inimigos sem proveito,/ eu considero como grito de dementes,/ ou bem melhor, como prantos de despeitos".

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